Dom Antônio Joaquim de Melo

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7º Bispo Diocesano (1852-1861)

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BIOGRAFIA

Nascido em 29 de setembro de 1791, na cidade de Itu (SP). Filho do casal Teobaldo de Melo César e Josefa Maria do Amaral. Foi batizado na igreja matriz de Nossa Senhora da Candelária em Itu. Com apenas oito anos, ingressou no regimento do Exército, onde fez seus primeiros estudos, acompanhando seu pai que era capitão do exército. Tendo passado toda sua infância em Minas Gerais, permaneceu no quartel até o ano de 1810, quando obteve baixa.

Retornou a Itu e em seguida seguiu para São Paulo, acompanhado de alguns parentes, a fim de aprender francês, latim, retórica, dogmática e moral, tendo em vista que resolvera ser sacerdote. Sofreu diversas privações, tendo sido ajudado por diversos benfeitores, frequentou os cursos eclesiásticos anexos à catedral de São Paulo, como aluno externo, pois ainda não existia seminário.



PRESBITERADO

Ordenado sacerdote em 04 de outubro de 1814, pelas mãos do então bispo de São Paulo, dom Mateus de Abreu Pereira, que muito o ajudou, retornou a sua cidade natal, para celebrar sua primeira missa. A celebração contou com a presença de inúmeros presbíteros. Durante sete anos permaneceu no sertão, ensinando os jovens, num colégio que ele mesmo fundou. Regressou a Itu e dedicou-se ao confessionário e ao púlpito. No ano de 1849, foi nomeado vigário da Vara de Itu.



EPISCOPADO

Dom Antônio Joaquim de Melo teve sua nomeação decretada pelo Rei, para ser o sétimo bispo da diocese de São Paulo no dia 05 de maio de 1851. Relutou em aceitar a nomeação, tendo em vista que já contava com 60 anos de idade. A nomeação do bispo, foi confirmada pelo breve papal do Santo Padre Pio IX, em 14 de março de 1851.

O novo bispo foi sagrado na igreja do Convento da Ajuda, no Rio de Janeiro, no dia 06 de junho de 1851. Foi sagrante dom Manuel do Monte Rodrigues de Araújo, bispo Conde De Irajá,servindo de assistentes dois monsenhores da Capela Imperial, tendo em vista a falta de outros bispos. Devido à grande emoção, o ordenando sofreu uma síncope, que fez com que a cerimônia fosse interrompida.

Após a sagração, dom Antônio tomou posse do governo diocesano, por meio de procuração conferida ao padre Antônio Martiniano de Oliveira, vigário de Guaratinguetá. Ingressou solenemente na Catedral de São Paulo, no dia 03 de agosto de 1851. Alguns cônegos não o viam com bons olhos, pois sabiam, tratar-se o novo bispo de um reformador.

Dom Antônio Joaquim de Melo começou seus trabalhos pela reforma do clero. Inicialmente, baixou um regulamento de conduta para os sacerdotes e depois outro para aqueles que aspiravam ao sacerdócio.

Durante seu episcopado, dom Antônio realizou cinco grandes visitas pastorais no território da diocese. Integrou o Conselho de Sua Majestade Dom Pedro II e foi agraciado por Sua Santidade com os títulos de Prelado Doméstico do Santo Padre Pio IX, Assistente ao Sólio Pontifício e Conde Romano. Era sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Dentro de seu programa de reforma, trouxe para o Brasil as primeiras religiosas da Congregação de São José de Chambéry (França). As religiosas ficaram incumbidas de fundar em Itu aquele que seria um dos mais importantes estabelecimentos de ensino para moças, o Colégio Nossa Senhora do Patrocínio.

Deixou as seguintes pastorais: Carta Pastoral de Saudação (1852); Carta Pastoral sobre o Jubileu de Pio IX (1852); Cartas Pastorais referentes a assuntos da Igreja (1853, 1855, 1857, 1859 e 1861), além do erudito discurso por ocasião da inauguração do Seminário Episcopal (1856).

Ao longo de seu episcopado, ordenou 38 sacerdotes. Faleceu após longa enfermidade, no dia 16 de fevereiro de 1861. Primeiramente, foi sepultado na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Itu. Anos depois, em 30 de outubro de 1879, o corpo foi transportado para o Seminário Episcopal. Dali, foram seus restos mortais definitivamente transladados para a cripta da catedral da Sé, onde pode ser lido em sua lápide:


“OPERA.ILLORVM.SEQVVNTVUR.ILLOS
MONUMENTVM.HOC.MEMENTO.VISENS
DD. ANTONII.IOAQVIM.DE.MELLO.EP.ROM.COM.
IN.PAVL.SOLIVM.PRIMI.EVECTII.BRASILIENSIS
XIV.KAL.MART.AN.MDCCCLXIX.ANIMVM.EFFLANTIS
VRBIS.PATRIAE.YTVENSIS.DECORIS
OMNI.OBSERVANTIA.DIGNOS.CELARE.CINERES
PRO.ANIMARVUM.AVTEM.LUCRO.MIRABILIA.INCEPTA.
PRO.SEMINARIO.CONDENDO.EIVS.PRODVCTAS.VIGILIAS
IONGE.LATEQVE.SPARSA.MOS.CITO.FAMA ” 1

1 As suas obras o seguem. Ao ver este jazigo, recorda-te de quem com máximo decoro recolhe as dignas cinzas de dom Antônio Joaquim de Melo, bispo, conde romano, primeiro brasileiro a ocupar um sólio paulistano.Aos 16 de fevereiro de 1869, entregou a alma. Glória de sua cidade natal Itu, que lhe guardou, com carinho, as veneráveis cinzas, cedendo-as depois, à veneração de longas e perpétuas vigílias no Seminário. A sua fama de santidade, cedo se espalhou-se.



BRASÃO E LEMA

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Descrição: Escudo eclesiástico, partido: o 1º de goles, com uma dobre-cruz de jalde, acompanhado de seis besantes de argente, e bordadura do segundo esmalte – Armas dos Melos. O 2º cortado, sendo I de sinopla, com três bandas de prata; e II de sinopla, com uma banda ondada de prata – Armas modificadas do brasão antigo dos Regos. O escudo está assente em tarja branca. O conjunto pousado sobre uma cruz trevolada de ouro, com um coronel de conde, entre uma mitra de prata adornada de ouro, à dextra, e de um báculo do mesmo, a senestra, para onde se acha voltado. O todo encimado pelo chapéu eclesiástico com seus cordões em cada flanco, terminados por seis borlas cada um, tudo de verde.

Interpretação: O escudo obedece às regras heráldicas para os eclesiásticos. Os campos representam as armas familiares do bispo, nascido da nobreza lusitana. No 1º, o campo de goles (vermelho) simboliza o fogo da caridade inflamada no coração do bispo, bem como valor e socorro aos necessitado; a bordadura, que é uma peça honrosa de 2ª ordem, servindo para designar um ramo mais novo de uma família nobre; juntamente com a dobre-cruz, sinal do  cristianismo, sendo de jalde (ouro) simbolizam: nobreza, autoridade, premência, generosidade, ardor e descortínio. No 2º, os campos de sinopla (verde) representam: esperança, liberdade, abundância, cortesia e amizade, e as bandas, por se metal argente (prata), simbolizam a inocência, a castidade, a pureza e a eloqüência, virtudes essenciais num sacerdote.