Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti

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10º Bispo Diocesano (1894-1897)

Lema: DOMINI FORTITUDO NOSTRA "De Deus (vem ou é) a nossa fortaleza"

BIOGRAFIA

Nascido em 17 de janeiro de 1850, era pernambucano, natural de Cimbres. Erafilho do casal Antônio Francisco de Albuquerque Cavalcanti e Marcelina Dorotea de Albuquerque Cavalcanti. Aos 13 anos, começou a ser preparado para o sacerdócio em Cajazeiras, na Paraíba. Em 1866 foi enviado a Roma, onde cursou ciências e letras, filosofia e teologia, concluindo seus estudos no Colégio Pio Latino-Americano.



PRESBITERADO

Ordenado sacerdote em 04 de abril de 1874, na Basílica de São João de Latrãoem Roma, pelas mãos do cardeal Patrizi. Após residir dois anos em Paris, regressou ao Brasil em 1876. O então bispo de Olinda, dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira, encarregou-o de organizar o seminário, do qual o então padre Arcoverde foi professor de filosofia e reitor. Durante este período também foi pároco nas localidades de Boa Vista, Corpo Santo e Cimbres.

Transferiu-se para Recife, com o intuito de exercer o magistério. Lecionava francês e foi nomeado diretor do Colégio Pernambucano. Por breve pontifício foi distinguido com o título de Prelado Doméstico de Sua Santidade, em 27 de maio de 1884.

Dentro do regime do padroado, foi apresentado por dom Pedro II, em 09 de maio de 1888, para bispo coadjutor do arcebispado da Bahia, tendo recusado a nomeação.



EPISCOPADO

Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti foi escolhido para ser bispo de Goiás, em 26 de junho de 1890. Foi sagrado na capela do Colégio Pio Latino-Americano, em Roma, no dia 26 de outubro do mesmo ano, pelas mãos do cardeal RampoladelTindaro, secretário de Estado do Vaticano. Foram consagrantes o cardeal Domingos Ferrata, arcebispo de Tessalônica e dom Antônio de Macedo Costa, arcebispo primaz da Bahia.

O bispo recém ordenado renunciou o bispado de Goiás no dia seguinte à sua sagração. Retornando ao Brasil, mudou-se para a cidade de Itu, no interior de São Paulo e passou a lecionar no Colégio São Luís, que os jesuítas, de volta ao Brasil, tinham fundado naquela cidade.

Em 26 de agosto de 1892, atendendo a um pedido de dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, que sofria com sérios problemas de saúde, o papa Leão XIII nomeou dom Arcoverde bispo titular de Argos e bispo auxiliar da diocese de São Paulo, com direito a sucessão. O bispo tomou posse de seu ofício em 11 de fevereiro de 1893.

No início do ano de 1894, seguiu para Roma para realizar uma visita Ad Limina, como procurador de dom Lino. Além da visita ao Sumo Pontífice, o bispo viajou encarregado de trazer algumas congregações religiosas para a diocese de São Paulo, a fim de que atuassem nas missões e no ensino. Dentre estes estavam os lazaristas, os redentoristas, que foram estabelecidos na Basílica de Aparecida e os premonstratenses, a quem foi confiado o Santuário do Bom Jesus e o seminário para formação do clero secular, ambos em Pirapora.

Dom Joaquim visitava Paris quando, em 19 de agosto de 1894, recebeu a notícia da morte de dom Lino. Regressou imediatamente para São Paulo e assumiu o bispado em 30 de setembro do mesmo ano.

O episcopado de dom Arcoverde em São Paulo, embora curto, foi muito fecundo. Durante o tempo que governou a diocese, procurou superar situações de atrito entre a Igreja e a República como, por exemplo, o banimento do ensino religioso das escolas públicas. Fundou a Federação das Associações Católicas e determinou a construção de um prédio para a congregação dos Missionários do Imaculado Coração de Maria. Além disso, fundou alguns templos tradicionais e de referência para a Igreja de São Paulo, como por exemplo, a Igreja do Bom Jesus, no Brás, que teve sua pedra fundamental abençoada pelo bispo.

Em 1895, dom Joaquim Arcoverde elevou a capela de Santa Cecília a paróquia e nomeou seu primeiro pároco, um padre chamado Duarte Leopoldo e Silva, que mais tarde se tornou o 13º bispo de São Paulo e seu primeiro arcebispo metropolitano.

Dom Arcoverde dirigiu a diocese de São Paulo até 24 de julho de 1897, quando foi promovido para o arcebispado de São Sebastião do Rio de Janeiro, tendo em vista o falecimento de Dom João Esberard. Em 11 de dezembro de 1905, o papa Pio X, durante a realização de um Consistório secreto, o criou cardeal da Santa Igreja, com o título de presbítero da Igreja de São Bonifácio e Santo Aleixo, em Roma. O Sumo Pontífice lhe impôs o barrete em 14 de março de 1906, sendo assim, o primeiro cardeal do Brasil e da América Latina.

Ao longo de seu episcopado, escreveu as seguintes pastorais: Carta Pastoral de Saudações aos diocesanos de São Paulo (1894); Carta Pastoral sobre a Federação Católica (1896); Carta Pastoral de Saudação aos arquidiocesanos do Rio de Janeiro (1897); Pastoral Coletiva (1915); Discurso de posse no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1898).

O cardeal Arcoverde faleceu no dia 18 de abril de 1930, uma Sexta-Feira Santa, sendo sepultado na Antiga Sé Metropolitana do Rio de Janeiro.


BRASÃO E LEMA

Lema
DOMINI FORTITUDO NOSTRA
"De Deus (vem ou é) a nossa fortaleza"

Descrição: Escudo eclesiástico, esquartelado. O 1º de blau, com uma torre de jalde, firmada num contra-chefe diminuto de sable, tendo em chefe uma Hóstia de argente, carregada das letras IHS de sable. O 2º e o 3º de sinopla, com cinco flores-de-lis de jalde, postas em sautor – armas modificadas da família Albuquerque. O 4º de argente, mantelado de goles semeado de quadrifólios do primeiro esmalte (argente) e uma asna de blau brocante sobre o traço do mantelado – Armas da família Cavalcanti. O escudo assente em tarja branca. O conjunto pousado sobre uma cruz trevolada de ouro, entre uma mitra de prata adornada de ouro, à dextra, e de um báculo do mesmo, a senestra, para onde se acha voltado. O todo encimado pelo chapéu eclesiástico com seus cordões em cada flanco, terminados por seis borlas cada um, tudo de verde. Brocante sob a ponta da cruz um listel de blau com a legenda: DOMINI FORTITUDO NOSTRA, em letras de jalde.

Interpretação: O escudo obedece as regras heráldicas para os eclesiásticos. O 1º campo, de blau (azul) representa o manto de Maria Santíssima sob cuja proteção o bispo pôs toda a sua vida sacerdotal, sendo que este esmalte significa: justiça, serenidade, fortaleza, boa fama e nobreza. A torre representa a Igreja, sendo de jalde (ouro) simboliza: nobreza, autoridade, premência, generosidade, ardor e descortínio; esta é a Igreja que está edificada sobre São Pedro e seus sucessores, representados pela rocha de sable (negro), esmalte que simboliza: a sabedoria, a ciência, a honestidade, a firmeza e a obediência ao Sucessor de Pedro. A Hóstia representa Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor supremo da Igreja e da história, sendo de argente (prata) simboliza a inocência, a castidade, a pureza e a eloqüência. As letras IHS (IESUS HOMINUM SALVATOR) são a expressão do reconhecimento de Jesus Cristo como único salvador da humanidade. O 2º, o 3º e o 4º campos representam as armas familiares do bispo, originário da nobreza lusitana. Sendo que o 2º e o 3º foram tomados das armas antigas dos Albuquerques, permutando-se a cor goles (vermelha) do campo por sinopla (verde), numa referência ao nome "Arcoverde" do prelado, sendo que esta cor simboliza esperança, liberdade, abundância, cortesia e amizade. O 4º representa as armas da família Cavalcanti, sendo que a cor goles (vermelho) nele presente simboliza o fogo da caridade inflamada no coração do bispo, bem como valor e socorro aos necessitados. O lema traduz a solidez da fé do bispo: "De Deus (vem ou é) a nossa fortaleza".