‘A morte não é o fim de tudo; é passagem desta vida para a vida eterna’

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Afirmou o Cardeal Scherer, em missa no Cemitério Gethsêmani Anhanguera, em 2 de novembro
Publicado em: 02/11/2023 - 18:45
Créditos: Redação

Havia gente sozinha e em silêncio. Mas também famílias inteiras e amigos unidos em oração e cânticos de fé ao redor dos jazigos, muitos dos quais ornamentados com flores. Na Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, na quinta-feira, 2, cerca de 1,5 mil pessoas estiveram no Cemitério Gethsêmani Anhanguera, da Arquidiocese de São Paulo, neste dia em que a Igreja reza em sufrágio daqueles que já faleceram.

“Hoje é dia de olharmos à vida com realismo. Viemos aqui visitar os túmulos dos falecidos e rezar por eles. Mas também viemos com interrogações sobre o sentido da vida, o que fazemos neste mundo, por que morremos, o que haverá depois da morte”, recordou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, no início da missa que presidiu na capela do cemitério localizado na zona Oeste da capital paulista, às margens da rodovia Anhanguera.

PRECIOSA, ÚNICA E PASSAGEIRA

Com capacidade para 200 pessoas, a capela do cemitério estava lotada, com fiéis nas laterais do templo e também na parte de fora, pessoas que traziam a memória e o carinho por seus falecidos, e que durante a missa também puderam aprender mais sobre a vivência deste dia para os católicos.

Na homilia, Dom Odilo ressaltou que a vida é preciosa, única e passa rapidamente.

“Deus nos chamou à vida por um desígnio, por um plano de amor, não por um acaso, mas porque Ele nos ama. Por isso mesmo, a nossa vida é um dom precioso, valioso, que nos é entregue. Cada um de nós é precioso aos olhos de Deus”, destacou, lembrando que por essa razão a cada dia deve-se agradecer a Deus pelo dom da vida e valorizá-la, a própria e a do próximo.

O SENTIDO DA VIDA E O MISTÉRIO DA MORTE

Sendo a vida um dom dado por Deus, qual a melhor forma de vivê-la? Foi a indagação que o Arcebispo fez à assembleia de fiéis. “Vivemos para amar e servir a Deus e ao próximo e para ganhar a vida eterna”, respondeu.

O Arcebispo de São Paulo também comentou sobre a morte, explicando que esta “faz parte da nossa condição de fragilidade humana. Nós somos feitos de carne e osso que se deterioram com o passar tempo”; mas lembrou que a palavra final sobre a vida e a morte é de Deus. “A nossa fé ilumina o mistério da morte”, assegurou.

‘EU CREIO NA RESSURREIÇÃO’

Dom Odilo enfatizou que crer na ressurreição da carne é parte da fé cristã.

“Nós somos corpo e alma. A alma não morre, mas o corpo morre. E dizemos ‘Eu creio na ressurreição da carne’, o que significa que cada um de nós crê que a própria carne será vivificada novamente, mas não para vir a este mundo de novo. Nós morremos uma vez só, como nos diz São Paulo, e depois da morte vem o julgamento, quando nos apresentamos diante de Deus para que julgue à vida eterna quem tiver feito o bem e para a morte eterna quem não fez o bem, não seguiu a Deus, não acolheu os Seus caminhos para receber a salvação, o perdão e a misericórdia”, detalhou.

Portanto, a fé cristã assegura: “A morte não é o fim de tudo; é passagem desta vida para a vida eterna. Partimos daqui para Deus, para o julgamento, para diante Dele dar contas sobre a própria vida”, enfatizou Dom Odilo.

UMA MORTE FELIZ

O Arcebispo de São Paulo ressaltou, ainda, que para se alcançar a desejada salvação é preciso crer em Deus, estar a Ele unido, para que assim se alcance a boa morte um dia.

“E o que é uma morte feliz? Morte feliz é você morrer nos braços do Pai”, destacou.

“Hoje, lembrando os falecidos, nós queremos rezar e pedir para que eles não caiam no abismo, no buraco sem fundo, sem futuro, mas que sejam acolhidos pelos braços do Pai, pela Sua misericórdia. Que sejam perdoadas as suas fraquezas humanas, que Deus tenha piedade e os acolha em sua casa, Ele que é bom, Pai e justo. E a cada dia, pedimos isto também para nós: que Deus nos dê esta graça de ao falecer se entregar serenamente nos braços do Pai”, enfatizou.

Antes da benção final, o Arcebispo recordou que é preciso se preparar ao longo da vida para o retorno à morada definitiva junto do Pai – “Preparemo-nos para voltar para casa. De Deus viemos e a Deus nós iremos” – e exortou a todos que vivam este dia de modo sereno, com fé e em oração pelos falecidos, e que estejam sempre prontos para consolar os enlutados.

INDULGÊNCIA PLENÁRIA

Além da missa com Dom Odilo ao final da manhã, outra foi celebrada à tarde, presidida por Dom Ângelo Ademir Mezarri, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga.

As duas missas foram organizadas pela Paróquia Cristo Rei, da Região Brasilândia, que todo 4o sábado de cada mês, às 15h, realiza missa na capela do Gethsêmani Anhanguera, cemitério que conta atualmente com 7 mil concessionários.

De acordo com o Padre Orisvaldo Carvalho, Pároco, cerca de 40 pessoas da matriz e das comunidades que compõem a Paróquia Cristo Rei se engajaram para a realização das missas.

O Sacerdote também contou que naquela manhã já havia atendido algumas pessoas à procura do sacramento da Reconciliação, já que essa é uma das condições para que se obtenha no “Dia de Finados” a indulgência para si ou para algum falecido.