Cardeal Scherer celebra missa pelas vítimas de tragédia em Suzano

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Na Catedral da Sé, Arcebispo de São Paulo recordou os 10 mortos e 11 feridos em ataque à Escola Raul Brasil, ocorrido no dia 13.
Publicado em: 19/03/2019 - 13:00
Créditos: Redação

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidiu uma missa na Catedral da Sé, na tarde desta segunda-feira, 18, pelas vítimas do ataque à Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (SP), ocorrido na quarta-feira, 13. Na Eucaristia, foram recordados os 10 mortos e 11 feridos na tragédia que abalou o Brasil. 

Na manhã da quarta-feira, os ex-alunos Guilherme Taucci Monteiro, 17, e Luiz Henrique de Castro, 25, invadiram a escola armados e mataram sete pessoas, sendo cinco alunos e duas funcionárias do colégio. Em seguida, um dos assassinos atirou no comparsa e, então, se suicidou. Pouco antes do massacre, a dupla havia matado o proprietário de uma loja da região. 

VIOLÊNCIA IRRACIONAL 

Na homilia, Dom Odilo expressou solidariedade aos familiares que perderam seus entes e manifestou “firme e clara condenação desse e outros tipos de atos semelhantes de violência irracional”. 

O Cardeal convidou, ainda, a assembleia a refletir sobre o significado desses acontecimentos que têm se multiplicado pelo mundo, recordando o atentado a duas mesquitas da Nova Zelândia, na sexta-feira, 15, que deixou 50 mortos, e o ataque a tiros que matou três pessoas na Holanda nesta segunda-feira. 

“O que leva alguém de atentar contra a pessoa do próximo sem motivo, a ponto de lhe tirar a vida ou feri-la gravemente? O que leva a isso? Quais são as motivações? Isso é sintoma de algo muito mais grave, que talvez esteja mais difundido do que possamos imaginar”, afirmou. 

SOCIEDADE DOENTE

Dom Odilo destacou que a sociedade está doente e que “o vírus da violência e do ódio contagiante” tomaram conta da sociedade. “A sociedade está doente de desrespeito à dignidade da pessoa do próximo. Doente porque perdeu o rumo, os valores a partir dos quais é possível edificar a convivência, a paz, o respeito e a dignidade humana”, acrescentou. 

Fazendo uma analogia sobre as enfermidades causadas pela ingestão de alimentos deteriorados, o Arcebispo indagou sobre quais tipos de alimentos têm nutrido as pessoas na atualidade. 

“Do que se alimentavam esses dois jovens que resolveram cometer esse ato insano? A quem ouviam? Quem lhes dava alimento ou onde procuravam sustento para suas vidas? O que lhes dava motivações?”, continuou. 

CURA PELOS VALORES

Por outro lado, Dom Odilo afirmou que a boa saúde da sociedade está nos valores bons e altos. “O remédio será voltar aos verdadeiros valores humanos, éticos e morais que se traduzem na justiça, nas relações sociais, no respeito profundo à dignidade de cada pessoa”, frisou. 

Cardeal chamou a atenção para o trecho do Evangelho proclamado na missa do dia, no qual Jesus diz aos discípulos: “Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados.”(Lc 2,36-37)

“Quando se retribui o mal com o mal,  o ódio com ódio, violência com violência, isso só pode resultar em mais ódio, mais violência, mais tristeza. Jesus ensina a humanidade a curar o coração, a vida, a convivência social mediante uma atitude positiva, não simplesmente de não violência, mas de misericórdia e compaixão”, assinalou.  

VALORIZAR A PESSOA

Nesse sentido, Dom Odilo reforçou que é preciso recuperar a capacidade de valorizar a pessoa humana. “Temos que recuperar a capacidade de nos sentirmos feridos quando outra pessoa é ferida, de nos sentirmos injustiçados quando sabemos que alguém é injustiçado, vítima de violência, de difamação, de calúnia”, continuou. 

Para isso, o Cardeal salientou que é necessária a atitude de não cooperar com o projeto de violência, de educação negativa para violência e, ao contrário, alimentar a mente e as motivações com “alimento bom”

“Sabemos que tudo isso não se resolve com palavras. Requer grande esforço, uma motivação muito forte de toda comunidade, de toda a sociedade para mudar o rumo de certos acontecimentos e tendências que estão por aí, que são sintomas de uma sociedade que padece”, concluiu Dom Odilo. 

FALECIDOS

Caio Oliveira, 15 anos, estudante

Claiton Antonio Ribeiro, 17 anos, estudante

Douglas Murilo Celestino, 16 anos, estudante

Kaio Lucas da Costa Limeira, 15 anos, estudante

Samuel Melquíades Silva de Oliveira, 16 anos, estudante

Eliana Regina de Oliveira Xavier, 38 anos, agente de organização escolar

Marilena Ferreira Vieira Umezo, 59 anos, coordenadora pedagógica

Jorge Antônio de Moraes, 51 anos, comerciante (tio de Guilherme), morto fora da escola  

Guilherme Taucci Monteiro, 17 anos, atirador

Luiz Henrique de Castro, 25 anos, atirador