“Católicos caminham hoje com a cabeça erguida”

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<p>Dom Cláudio fala sobre como foi a emoção de estar ao lado de Francisco na Posse.</p>
Publicado em: 13/03/2015 - 14:45
Créditos: Redação com Rádio Vaticano

Quem de nós não se sentiu um pouco orgulhoso ao ver que no balcão, ao lado do novo Papa eleito, naquele 13 de março de 2013, estava o cardeal brasileiro Cláudio Hummes? Dois anos depois, o Programa Brasileiro repassa aqueles momentos com o franciscano que, aos 80 anos, é o Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia. Dom Cláudio relembra conosco aqueles momentos:

“Eu guardo uma recordação muito feliz e agradecida, me sinto feliz e agradecido a Deus por ter dado à Igreja um ‘kairós’, um tempo tão importante, um tempo novo. A Igreja estava precisando disso, de um tempo especial de graça de Deus. A igreja estava acabrunhada por causa dos muitos escândalos, e o povo católico estava assim, consternado, com isto; muitas vezes triste. De repente, este Papa aparece como uma luz… e isto é coisa do Espírito Santo, que transforma o povo, que olha para este novo tempo com uma enorme esperança. E o povo de novo está feliz com a cabeça levantada, alegre com o novo Papa e com tudo aquilo que ele está mostrando como caminho. Acho que esta é uma das coisas que eu senti e sinto até hoje; nós estamos num tempo muito especial, um tempo novo. Guardo isso e repito com alegria por ter participado de sua eleição e ter estado ao lado dele no balcão, enfim, e caminhar junto com toda a Igreja e com o Papa Francisco. Nós só podemos agradecer a Deus, porque isto é graça, isto é graça. Nós não construímos isto, nós estávamos somente amargando os nossos erros, e de repente, Deus nos deu uma graça e todo mundo sorri de novo. Isto é muito bom!”.

“A Igreja mudou muitíssimo, meu Deus do céu, como mudou! Basta olhar para o povo, o povo está de novo de cabeça levantada, feliz, agradecendo a Deus, rezando por esta Igreja, para que ela caminhe, para que ela possa atravessar ainda estas crises. Tudo está ainda em construção, e o que o Papa aponta é nesta direção, que o povo apoia. E não só o povo católico, mas é o mundo que está vendo e está apoiando este Papa. Este aspecto não pode ser esquecido, não estamos inventando, é assim: as pesquisas mostram que ele tem uma aprovação mundial muito grande também dos que não são católicos”.

Na agenda, reforma da Cúria e Família

Dois desafios difíceis ainda se mantêm no horizonte do Papa, após dois anos de Pontificado: a reforma da Cúria Romana e a resposta da Igreja aos desafios da família católica num mundo moderno e em plena mutação. O princípio da reforma da Cúria – modernização, fusão dos serviços, transparência – é grandemente aceito, mas é longo e dificultoso.

Já o segundo desafio, a Família, apresenta claras divisões: Francisco, 78 anos, convocou dois sínodos, um realizado em outubro de 2014 e outro para outubro deste ano, para debater temas delicados como o lugar dos divorciados que voltaram a casar ou dos homossexuais na Igreja Católica.

Em entrevista ao jornal argentino ‘La Nacion’, em dezembro passado, Francisco admitiu que “há resistências, e são evidentes”. “Mas para mim é bom sinal que sejam evidentes, que não falem às escondidas quando não se está de acordo. É saudável falar das coisas, é muito saudável”, disse.