Futuros padres são chamados a colaborar com a renovação missionária em SP

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Os diáconos Anderson , Claudio José, José David, Maycon, Maykom Sammuel e Pierre contaram ao O SÃO PAULO sobre suas expectativas no ministério sacerdotal
Publicado em: 04/12/2018 - 15:00
Créditos: Redação

No dia 8 de dezembro, às 15h, na Catedral da Sé, serão ordenados seis sacerdotes para a Arquidiocese de São Paulo. Os diáconos Anderson Pereira Bispo, 37, Claudio José Ribeiro, 46, José David Ramírez Velásquez, 27, Maycon Wesley da Silva, 32, Maykom Sammuel Alves Florêncio, 34, e Pierre Rodrigues da Costa, 36, conversaram com a reportagem do O SÃO PAULO sobre suas expectativas e como tem sido a preparação para o início do ministério presbiteral.

O último ano dos candidatos ao sacerdócio foi repleto de atividades pastorais e missionárias. Uma vez concluídos os estudos teológicos, eles exerceram o ministério diaconal em paróquias da Arquidiocese, tendo a oportunidade de conhecer mais de perto a realidade do povo e os desafios que um padre enfrenta para realizar sua missão na cidade. Nessa etapa, os rapazes também participam de um estágio nos diferentes departamentos e organismos da Cúria Arquidiocesana.

“Foi um ano de muitas descobertas, estando mais próximo da ordenação presbiteral e já experimentando a possibilidade de ser ‘canal de Deus’ na vida das pessoas”, relatou o Diácono Anderson, que colaborou na Paróquia Santa Paulina, na Região Episcopal Ipiranga.

Na Paróquia Bom Pastor, na Região Brasilândia, o Diácono Maycon Wesley pôde contemplar a necessidade dos fiéis por um pastor que caminhe com eles. “Eu percebi que as ovelhas precisam cada vez mais de pastores que as conduzam, ajudando-as a mostrar o caminho seguro, o rosto do Pai e a misericórdia de Deus. Isso é o combustível da minha vocação”, afirmou. 

 

SACRAMENTOS

A experiência diaconal em vista do sacerdócio também permitiu aos futuros padres uma vivência mais intensa da vida sacramental. “Vivi intensamente o diaconato, podendo celebrar batismos e assistir matrimônios”, frisou o Diácono Claudio, que colaborou na Paróquia Santa Ângela e São Serapião, na Região Episcopal Ipiranga.

No dia a dia das paróquias, os diáconos vivenciaram maior proximidade com os padres para troca de experiências e cultivo da fraternidade presbiteral, essencial para um bom exercício do ministério. “Foi importante a pastoral na Paróquia, a relação com o Pároco e o Vigário Paroquial, que me ajudaram a entender a estrutura da Paróquia e insistiram constantemente na importância da comunhão”, ressaltou o Diácono José David, referindo-se à Paróquia Santo Antônio, no bairro do Limão, na Região Episcopal Santana.

A proximidade com os fiéis foi um fator destacado pelos futuros presbíteros. “Estando às vésperas da ordenação, o povo espera de você algo mais consistente, não só o seu testemunho de vida, o seu testemunho pela opção definitiva que fez, mas também o próprio agir pastoral. Esse contato de ouvir o povo, partilhar suas dores, angústias e alegrias, de presidir as celebrações, os sacramentos, isso é muito bonito”, partilhou o Diácono Maykom Florêncio.

 

MISSIONÁRIOS

Os futuros padres da Arquidiocese também tiveram a oportunidade de ir em missão, por dois meses, em estados do Norte e Nordeste do País, onde conheceram realidades sociais e eclesiais diferentes das existentes na metrópole, mas que, segundo eles, os ajudaram a ter um outro olhar sobre a missão que são chamados a desempenhar em São Paulo.

Os Diáconos Anderson e Maykom Florêncio visitaram uma paróquia na Diocese de Alto Solimões (AM). “Foi uma experiência muito enriquecedora e agregadora poder se deparar com a realidade de uma outra igreja, com as suas dificuldades. Isso ajudou a fazer crescer em nós esse sentido eclesial. Nós fomos ordenados para a Igreja. De repente, eu estava em uma comunidade distante, exercendo o ministério que recebi aqui, mas que foi colocado a serviço de toda a Igreja”, ressaltou o Diácono Maykom.

“Ali, encontramos um povo muito disposto para a ação de Deus, de coração simples, não apegado a tantas coisas que temos aqui, sobretudo às tecnologias muito próximas de nós”, completou o Diácono Anderson.

Os Diáconos Claudio e Maycon Wesley foram em missão para a Diocese de Marabá (PA). “Fiquei em uma paróquia com 53 comunidades. Pude visitar todas elas. Em algumas, levávamos um dia inteiro de viagem. Lá celebrei cerca de 150 batismos. Pude experimentar a intensidade da fé e da devoção popular”, relatou o Diácono Claudio.

 

FALTA DE OPERÁRIOS

O Diácono Maycon esteve em uma paróquia com 45 capelas e um único padre. “Uma experiência que me marcou muito foi quando visitei uma comunidade em que um senhor me disse: ‘Que saudade de ter um padre aqui! Faz seis meses que não temos Eucaristia”.

A experiência missionária do Diácono Pierre foi na Diocese de Floriano (PI). “É uma região bastante marcada pela pobreza e, pastoralmente, pela falta de sacerdotes. Durante minha permanência lá, um padre de apenas 40 anos morreu por causa da diabetes. No entanto, encontrei um povo muito fiel. Eu me afeiçoei tanto a eles que depois que for ordenado tenho que voltar lá para reencontrá-los”

Natural de Bogotá, na Colômbia, o Diácono José David iniciou sua caminhada vocacional já como missionário. Estudante do Seminário Internacional Redemptoris Mater São Paulo Apóstolo, instituição da Arquidiocese que forma jovens para serem sacerdotes missionários, o Diácono José David esteve em missão por dois anos e meio no noroeste do Paraná. “Durante toda essa trajetória, fui acompanhado por uma comunidade que foi fundamental nos momentos de crise e de dificuldade, próprias da formação”, afirmou.

 

EM SÍNODO

Os novos padres da Igreja em São Paulo serão ordenados enquanto é realizado o sínodo arquidiocesano, ocasião em que toda a Arquidiocese é chamada a uma renovação pastoral e missionária.

“O sínodo está nos dando informações e material muito precioso. Estamos conhecendo a realidade da Igreja Católica em São Paulo de maneira mais profunda. Então, isso gera em nós uma consciência maior da responsabilidade da nossa missão”, enfatizou o Diácono Maykom.

“O sínodo nos chama realmente a estar atentos aos sinais dos tempos, já anunciados pelo Concílio Vaticano II, e a manifestar o amor e a unidade que são os sinais da fé que evangelizam”, acrescentou o Diácono José David.

O Diácono Anderson chamou a atenção para o significado da palavra “sínodo”: caminhar juntos. “Não podemos querer caminhar sozinhos. Portanto, para responder a esse propósito de renovação e conversão pastoral e missionária, é preciso caminhar junto com a Igreja, conforme a proposta do sínodo”.

(Colaboraram: Jenniffer Silva e Rafael Costa)