‘Invocamos a proteção de São Paulo sobre a nossa cidade’

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Cardeal Scherer preside missa da Solenidade da Conversão de São Paulo, patrono da Arquidiocese, em pelos 467 anos de fundação da capital paulista
Publicado em: 26/01/2021 - 19:15
Créditos: Redação

Uma missa na Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção (Sé), na manhã desta segunda-feira, 25, marcou a Solenidade da Conversão de São Paulo Apóstolo e o 467º aniversário de fundação da capital paulista.

A celebração eucarística foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, e concelebrada por diversos bispos e sacerdotes. A missa contou com a participação de autoridades civis e militares, além da presença de representantes de outras comunidades cristãs e tradições religiosas.

Este ano, o número de fiéis presentes na celebração foi reduzido, devido às recomendações sanitárias de enfrentamento da atual pandemia. Contudo, a missa foi transmitida pelos meios de comunicação e mídias digitais.

Dom Odilo iniciou a homilia recordando todas as pessoas doentes, idosas e impossibilitadas de sair de casa, especialmente as atingidas pelos impactos da pandemia. Também rezou por todos aqueles que têm cargos de responsabilidade na cidade e as autoridades, para que desempenhem a sua missão em favor do povo, sobretudo de quem mais precisa.

A conversão

O Cardeal Scherer ressaltou que essa solenidade litúrgica recorda um momento importante do início do cristianismo, quando Saulo de Tarso, fariseu zeloso, implacável perseguidor da nascente comunidade cristã, foi surpreendido por uma luz tão forte que o deixou cego e , dessa luz, ouviu-se a voz do próprio Cristo, no caminho para Damasco, aonde se dirigia para capturar alguns dos seguidores de Jesus.

O texto bíblico narra, ainda, que, Saulo, então, indagou a Cristo: “O que devo fazer, Senhor?”. “Imediatamente, aquela luz entrou na sua consciência e o tocou. Começa, então, a história da conversão, da mudança de vida de Saulo para Paulo, que dá os passos do aprendizado na lei do Evangelho, no ensino cristão e passa a ser o grande apóstolo missionário de Jesus Cristo”, destacou o Arcebispo, acrescentando que, de perseguidor, Paulo se tornou o maior missionário do Evangelho, que levou o testemunho de Jesus ao maior número de povos, dilatando as fronteiras da pregação da Boa-Nova de Cristo.

“Aqui, vemos como a graça de Deus pode mudar uma vida, quando a pessoa se abre e se pergunta: ‘O que devo fazer, Senhor?’ e sinceramente se coloca à disposição de ouvir Deus”, sublinhou Dom Odilo, reforçando que todos são chamados a fazer essa mesma indagação muitas vezes ao longo da vida.

Protetor da cidade

“Olhamos para o Apóstolo Paulo e invocamos sua proteção e ajuda sobre esta cidade que traz o seu nome e lhe é devotada. Sobretudo, invocamos sua ajuda e proteção pelos muitos doentes, os pobres, as pessoas que sofrem. Olhamos para o Apóstolo de dele aprendemos a nos perguntar diante de todas essas situações: ‘Senhor, o que devemos fazer?’”, continuou o Cardeal.

Dom Odilo enfatizou que, ao olhar para a cidade de São Paulo com seus inúmeros desafios, em especial a atual a pandemia, o desemprego, a pobreza, cada um deve fazer a pergunta que o Apóstolo fez a Cristo.

Origem missionária

O Arcebispo recordou que capital paulista nasceu do propósito de levar o Evangelho aos povos que habitavam nessa região, no projeto missionário dos jesuítas, que tinha à frente o Padre Manuel da Nóbrega e do grupo desses missionários, dentre os quais o jovem São José de Anchieta.

“Aqui, iniciaram o primeiro núcleo urbano ainda muito pequeno em torno de um colégio, de uma capelinha, onde se expressava essa vida segundo os valores do Evangelho da paz, da defesa da vida, da promoção da dignidade da pessoa, da saúde, da educação, da cultura, da fraternidade, da boa convivência, do respeito recíproco”, afirmou o Cardeal.

“467 anos depois, somos postos diante da mesma pergunta, nesta imensa metrópole tão plural, com tantas manifestações e interesses diversos: o que somos chamados a fazer para que esse projeto inicial que era bom e continua válido também hoje marque a vida desta cidade?”, refletiu o Arcebispo.

Testemunho de generosidade

Por fim, Dom Odilo salientou que, geralmente, os paulistanos são mais levados a olhar para os problemas e desafios da cidade, mas se esquecem das potencialidades, como a capacidade de generosidade e altruísmo de seu povo, como foi visto nas muitas manifestações de solidariedade ao longo da pandemia no último ano.

“Que Deus nos ajude a não esquecer aquilo que os que iniciaram esta cidade tinham em mente: edificar uma comunidade humana, de sadia convivência, de interesse e cuidado recíprocos, onde a palavra de Deus era horizonte, luz que a todos orientava”, concluiu o Cardeal.

Essa generosidade também foi expressa na coleta da missa, que foi revertida para o estado do Amazonas, que enfrenta uma situação crítica o aumento de casos de COVID-19 e o colapso do sistema de saúde.

Agradecimento

No início da celebração, o Ricardo Nunes fez uma breve saudação em nome da cidade, ressaltando que, embora todo aniversário seja motivo de comemoração, não é possível deixar de recordar que essa data é comemorada em um contexto diferente, marcado pela pandemia do novo coronavírus, que tirou a vida de milhares de paulistanos.

Nunes destacou que a conversão de São Paulo inspira a população para uma conversão para cuidarem umas das outras. Ele recordou, de maneira especial, dos muitos profissionais da saúde, assistência, educação entre outras áreas, que atuam no enfrentamento da pandemia. “Em nome do prefeito bruno Covas, da cidade de São Paulo, no nosso aniversário de 467 anos, nosso cumprimento a todas as pessoas que estão ajudando nessa luta contra a COVID-19. Parabéns ao nosso povo”, afirmou o prefeito em exercício, renovando o agradecimento à Igreja pelo apoio dado.