Papa garante o empenho da Igreja no combate aos abusos do clero

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Na primeira reunião oficial com a Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, o Pontífice admitiu que a Igreja esperou muito paralevar a serio denúncias de abuso sexual por Padres
Publicado em: 29/09/2017 - 10:15
Créditos: Redação

L'Osservatore Romano

Na quinta-feira, 21, o Papa Francisco realizou sua primeira reunião oficial com a Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, criada por ele mesmo, há três anos. Em seu discurso, feito de forma espontânea, o Pontífice admitiu que a Igreja esperou muito para tomar as denúncias de abuso sexual por parte dos clérigos de forma séria. Ele chamou de profética a ação de homens e mulheres que encorajaram e pediram que a Igreja tomasse uma decisão sobre o tema: “Devemos agradecer ao Senhor por ter mandado profetas em sua Igreja, que levaram outros a se envolver e começar a trabalhar nesse problema de uma vez”, disse.

Francisco afirmou sentir uma profunda dor em sua alma pelas crianças abusadas: “Permitam-me dizer com uma clareza completa que estes abusos são um pecado horrível, completamente em contradição com aquilo que Cristo e a Igreja nos ensinam. Eu asseguro hoje, mais uma vez, que a Igreja, em todos os níveis, vai responder com as medidas mais firmes a todos aqueles que traíram sua vocação e abusaram dos filhinhos de Deus, aplicando o princípio de ‘tolerância zero’ contra estes abusos.”

Durante seu discurso, o Papa anunciou sua decisão de que, uma vez que tenha fica provado que um sacerdote tenha cometido abusos com um menor, ele não terá o direito de apelar o seu caso. “Se há provas, então é definitiva [a sentença]”, disse o Pontífice, em relação às penas canônicas que podem sofrer os padres, inclusive com a demissão do estado clerical e a proibição de exercer o ministério sacerdotal.

Francisco falou, ainda, sobre o poder do Papa em perdoar canonicamente os padres que foram provados culpados de abuso de menores, dizendo que nunca assinou nenhuma carta de perdão, e que nunca assinará nenhuma. Segundo ele, “a pedofilia é uma doença horrível, e devemos colocar em nossas cabeças, criar uma consciência, de que é realmente uma doença.”

Terminando seu discurso, agradeceu o trabalho que a Pontifícia Comissão vem realizando, ressaltando que, sem eles, “não teríamos tirado esse projeto do chão, e teria sido impossível realizar todo o trabalho que já foi feito e que ainda vai ser realizado em relação à Cúria Romana”.

O encontro do Papa com sua Comissão começou no dia 21 e se estendeu por toda a semana, contando com discursos de outros membros. O Cardeal Sean O’Malley, de Boston, nos Estados Unidos da América, Presidente desta Comissão, deixou claro, em sua fala, que a salvaguarda das crianças é “parte integral do missão da Igreja Católica.”