Salve, Virgem Imaculada, sem pecado concebida!

A A
Em 1708, o Papa Clemente XI estendeu a festa da Virgem a toda a Cristandade, tornando-a obrigatória
Publicado em: 08/12/2017 - 11:30
Créditos: Redação

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na sexta-feira, 8, a Igreja celebra a Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria, baseada numa das crenças mais antigas de todo o Cristianismo: que a Virgem Maria fora concebida sem mancha de pecado original, sendo a única pessoa humana nunca tocada pela maldade do pecado. 

Essa festa remonta ao século XI, quando já era celebrada em mosteiros europeus. No século XV, a festa da Imaculada foi incluída no Calendário Romano. E, em 1708, o Papa Clemente XI estendeu a festa a toda a Cristandade, tornando-a obrigatória. Mas, foi somente no século XIX que a festa da Imaculada Conceição revestiu-se de extrema solenidade. 

Em 8 de dezembro de 1854, o Papa Pio IX declarava dogma de fé a doutrina que ensinava ter sido a Mãe de Deus concebida sem mancha de pecado por um especial privilégio divino. Na Bula Ineffabilis Deus , o Papa diz: “Nós declaramos, decretamos e definimos que a doutrina segundo a qual, por uma graça e um especial privilégio de Deus Todo Poderoso e em virtude dos méritos de Jesus Cristo, salvador do gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada de toda a mancha do pecado original no primeiro instante de sua conceição, foi revelada por Deus e deve, por conseguinte, ser crida firmemente e constantemente por todos os fiéis.” 

Na Bula, o Sumo Pontífice apresenta passagens bíblicas para afirmar a veracidade do dogma, bem como utiliza-se de afirmações de santos e doutores para demonstrar a conveniência da proclamação do dogma. Um dos grandes defensores deste dogma foi Santo Afonso de Ligório; em seu livro “As Glórias de Maria”, ele afirma: “Maria tinha de ser medianeira de paz entre Deus e os homens. Logo, absolutamente, não podia aparecer como pecadora e inimiga de Deus, mas só como Sua amiga, toda imaculada”.

E assim pode-se resumir também a importância desta festa: sendo Maria Santissíma a mais perfeita das criaturas, superior aos próprios anjos na ordem da Graça, a que mais amou a Deus aqui na Terra, ela é também a que mais tem poder diante da Trindade Santa: sua intercessão é valiosa e sua oração é onipotente. Cabe aos cristãos sempre pedir, por meio dela, aquilo que mais convém à salvação. 

Mas, a celebração da Imaculada Conceição é também importante por fatos históricos do Brasil e da Arquidiocese de São Paulo: no ano de 1929, Ano Mariano Nacional, os bispos do Brasil enviaram uma petição a Roma, para que se fizesse de Nossa Senhora Aparecida a padroeira de toda a nação. O Papa Pio XI atendeu ao pedido em 16 de julho de 1930, relembrando, na mensagem enviada, a ligação dessa devoção brasileira com a crença na Imaculada Conceição: “Nada mais oportuno do que atender ao pedido não só dos bispos, mas de todos os católicos do Brasil, que veneram a Imaculada Conceição da Virgem Maria com zelo e piedade desde o descobrimento até nosso tempo”. 

E pela mesma época, Dom Duarte Leopoldo e Silva, primeiro Arcebispo de São Paulo, em 1934, renovou o Seminário de São Paulo, transferido-o para o bairro do Ipiranga, e colocando-o sob a proteção da Imaculada Conceição. Desde então, todos os anos, o Seminário Arquidiocesano realiza sua grande festa patronal no dia 8 de dezembro, cantando louvores à sua santa padroeira, a Imaculada Mãe de Deus. 

Numa dessas comemorações, no ano de 2014, Dom Odilo Scherer sintetizou o significado da solenidade: ao falar da liturgia do dia, o Cardeal Scherer frisou que a Solenidade da Imaculada Conceição coloca a Igreja no contexto do Advento, um tempo de espera: “Deus quis preparar uma Mãe que fosse digna de seu filho. Ela é anúncio da salvação que vem. Isso nos faz olhar para Ela com aquele olhar de admiração, como aquela que já é a redimida pela graça de Deus”.