Sínodo dos Bispos: Igreja deve ir aonde os jovens estão

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Durante os trabalhos sinodais falou-se também de um “novo totalitarismo”, do “anonimato nas redes, que é manipulado e gera ideologias de modo escondido”.
Publicado em: 11/10/2018 - 16:15
Créditos: Redação

“A Igreja deve mudar muitíssimo, abrindo-se aos espaços onde os jovens estão presentes, fazer-se missionária sobretudo no mundo digital. E depois acompanhá-los na vida, mas respeitando a liberdade deles.”

O arcebispo de Cidade do México, cardeal Carlos Aguiar Retes, antecipou assim, no briefing desta quarta-feira (10/10) na Sala de Imprensa da Santa Sé referente à sexta e sétima Congregação Geral do Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens, as considerações que o nortearão em seu trabalho na Comissão para a redação do documento final na qual representa a América.

Sem valores partilhados jovens encontram-se em dificuldade

O arcebispo primaz do México citou o filósofo espanhol José Ortega y Gasset para recordar que todas as gerações jovens, na história, fizeram um esforço para adaptar-se à cultura do próprio tempo, mas hoje é difícil identificar valores partilhados e uma cultura comum. “Desse modo, os adolescentes acabam não entendendo bem para onde ir”, ressaltou.

Respondendo a uma pergunta dos jornalistas, o purpurado disse que no México existem quarenta casas de acolhimento para os migrantes que batem à porta dos EUA, “e os jovens encontram-se em sua maioria entre os voluntários”.

O “totalitarismo anônimo” das redes sociais

Em seguida, explicou que durante os trabalhos do Sínodo se falou de um “novo totalitarismo”, do “anonimato nas redes, que é manipulado e gera ideologias de modo escondido”. As primeiras vítimas desta forma inédita de totalitarismo são exatamente os jovens, alguns dos quais “são levados até mesmo ao suicídio baseando-se em instruções nas redes”.

Portanto, uma “educação integral, sobretudo dos jovens, é fundamental para construir uma sociedade baseada em relações fraternas e solidárias”.

Dom Hollerich: primeiro os pobres, assim se freia o populismo

Após o cardeal Aguiar Retes, o arcebispo de Luxemburgo e presidente da Comissão das Conferências Episcopais da Comunidade Europeia (Comece), Dom Jean-Claude Hollerich, ressaltou que com seu aplauso e seu entusiasmo os jovens, no Sínodo e no pré-Sínodo, “nos indicaram as coisas que são mais importantes para eles”.

Respondendo a uma pergunta, o prelado explicou que como bispo europeu está muito preocupado com os totalitarismos, “que podem destruir a construção europeia que nos deu a paz”.

Em todo totalitarismo, observou, “há sempre um certo egoísmo: há uma preocupação com a felicidade somente dos próprios cidadãos, não se cuida dos outros”. “Se nós, como Igreja, nos concentrarmos mais sobre os mais fracos, sobre os marginalizados, faremos prevenção contra o populismo”.

Briana: meu discernimento pela vida consagrada

Por fim, a auditora Briana Santiago, 27 anos, estadunidense de Sant’Antonio, no Texas, há cinco anos em formação com a comunidade de consagradas Apóstolas de vida interior, e estudante de filosofia e teologia na Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, recordou ter sido a primeira jovem a dar seu testemunho na Sala do Sínodo.

Ela partilhou seu caminho de discernimento por uma vocação à vida consagrada, e a partir daquele momento em “toda pausa dos trabalhos me aproximava dos cardeais, dos bispos e dos jovens para discutir alguns pontos de meu pronunciamento”, ressaltou.