Irmã Margaret Gaffney, testemunha da misericórdia

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Ir. Margaret se destacou no trabalho junto aos detentos na Região Belém e retorna pra Irlanda, depois de 46 anos, para trabalhar com refugiados
Publicado em: 06/10/2016 - 12:30
Créditos: Redação

Depois de quase meio século no Brasil, Irmã Margaret Gaffney, missionária irlandesa, retorna à terra natal. Ir. Margaret é religiosa da Congregação do Santo Rosário há quase sessenta anos e chegou ao Brasil em 1970.

Aos 76 anos, Ir. Margaret se destacou no trabalho junto aos detentos, na Pastoral Carcerária, e pretende colaborar com as necessidades da Congregação na Irlanda ao auxiliar na tratativa aos refugiados que chegam em seu país de origem.


A Congregação do Santo Rosário chegou no Brasil em 1966, quando religiosas irlandesas vieram seguindo o pedido de Paulo VI, logo após o Concílio Vaticano II.

Para celebrar o retorno da religiosa, a Região Episcopal Belém, onde Ir. Margaret trabalhou por décadas, celebrou missa na Capela do Centro Pastoral São José na sexta-feira, 30 de setembro. A missa foi presidida pelo Pe. Reginaldo Donatoni, ecônomo da Região, e contou com a presença de religiosas, amigos e funcionários do Centro Pastoral.

Durante a celebração, Ir. Margaret recordou um pouco dos seus 46 anos de missão no Brasil. A religiosa trabalhou em São Sebastião, no litoral paulista, e também no interior do estado, junto a comunidades rurais. Em 1983 chegou na Zona Leste da cidade de São Paulo, onde trabalhou até o domingo, 2 de outubro, dia em que voltou à Irlanda.

Ir. Margaret recordou o trabalho com as Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s), o método Paulo Freire de Educação Popular e o início da vivência do Concílio Vaticano II, quando chegou no Brasil. “A luta é grande e vai continuar, cheguei em plena ditadura e estou saindo com o golpe”, relatou a religiosa, sobre a situação do país.

“Eu aprendi muito mais do que poderia ter feito. O calor humano do povo brasileiro me cativou desde o início”, disse a religiosa que destacou que o Brasil é um país com “muita diversidade, país muito rico e abençoado por Deus, mas com muitas pessoas pobres”.

 

Segundo Ir. Margaret, a luta por justiça e também pelo papel da mulher na sociedade e na Igreja vai continuar, e agora, na Irlanda, a missão não termina, mas vai ser um momento principalmente para refletir sobre a missão até agora.

Ir. Ann Griffin, missionária do Santo Rosário, afirmou que Ir. “Margaret é uma grande testemunha da vida missionária”, e continuou “nosso emblema é ‘ir além levando boas notícias’, Margaret encarnou essa frase. Deixou família, tudo o que conhecia, doando-se totalmente com 

toda generosidade, sem pensar duas vezes para servir ao outro”.

“Ele me enviou para anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4,18), esse é o lema da Congregação do Santo Rosário, que inspirou Ir. Margaret e tantas outras a sair em missão e trabalhar principalmente com pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social, e nas pastorais de “fronteira”, como a pastoral carcerária.

Ir. Margaret  é conhecida por todos pela missão que desempenhou por muitos anos nas visitas aos privados de liberdade, nas penitenciárias. Esse trabalho é destacado ainda mais durante esse Ano Extraordinário da Misericórdia, quando se olha mais atentamente para a prática das obras de misericórdia. “Visitar os presos”, essa foi a obra de misericórdia que Ir. Margaret realizou mais intensamente durante os anos trabalhando na Região Belém.

Em 2003, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) concedeu à Ir. Margaret, por iniciativa da deputada estadual Leci Brandão (PCdoB), o prêmio “Dra Theodosina Ribeiro”, condecoração entregue a mulheres que trabalham no empoderamento de outras mulheres, de modo especial de grupos vulneráveis.

Irmã Margaret Gaffney, testemunha da misericórdia