São José e “As Obras de Miseriicórdia” - Pe. Reuberson Ferreira, mSC

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17/03/2016 - 11:00

Pe. Reuberson Ferreira, mSC* 

A Festa de São José, não por coincidência, mas pela tradição litúrgica da Igreja é celebrada no período da Quaresma. Este ano de modo especial , ela é vivida no horizonte do Ano Jubilar Extraordinário da Misericórdia. Celebrar o patrono da Igreja Universal neste tempo litúrgico é como divisar um facho de luz ante a escuridão. É descobrir um farol em meio a um nevoeiro. É sentir um refrigério em meio ao clima penitencial que a quaresma conserva. Celebrá-lo na Quaresma do Ano Santo da Misericórdia é divisar em José, Pater et custo, um modelo de bondade e testemunho vivência das obras de misericórdia.

São José pode-se dizer é pai da Misericórdia. O Papa Francisco na Misericordiae Vultus, afirmou que Jesus é o rosto visível e misericordioso do Pai invisível (cf. MV,01). Coube, a São José, entre os homens de boa vontade ser o pai adotivo daquele que realizou a plena Misericórdia de Deus, que se fez carne e nos remiu.

Com aquele carpinteiro de Nazaré, descobrem-se sinais que conduzem a viver a misericórdia, ainda hoje. Basta recordar que em meio a dúvida que perpassava seu coração ou ao medo que consumia sua alma ao saber que Maria estava grávida, que  José foi capaz de, confiando em Deus, acolher a Virgem (Mt 1, 18-22). Fez dela sua esposa, numa casta união. Do ponto de vista josefino: acolher é uma obra de misericórdia (cf. Mt 25,35).

Na perspectiva de José, pode-se seguir aprendendo modelos de misericórdia. Pode-se evocar a imagem da fuga para o Egito (Mt 2,13-18). Herodes ao flagrar-se que os Magos não retornariam para dar-lhe notícias do Deus menino, nascido em Belém, decretou um infanticídio, todas as crianças deveriam ser mortas. O esposo de Maria, diante disso não vacila em retira-se para o Egito até a morte do  rei, a fim de proteger o menino Jesus. Defender os indefesos, proteger a vida é uma obra de Misericórdia (cf. Mt 25,35-36) nos passos de São José.

Ainda divisando a vida de São José pode-se encontrar outras centelhas que apontam para a vivência diária da Misericórdia. Recordemos a passagem do menino Jesus perdido no templo (Lc 1,  41-44). Após três dias de longa caminhada Maria e José perceberam a ausência do Filho. Numa busca desenfreada, o encontram no templo. As indagações de Maria, Jesus responde  laconicamente que deveria ocupar-se das “Coisas de seu pai”. José, ao lado de Maria, resignado não diz uma palavra. Crer-se que ele sabia que era chegada a hora do menino trilhar seu caminho, ocupar-se da sua missão, viver suas próprias escolhas. Misericórdia, nesse sentido é respeitar os passos, as opções dos que pensam e agem diferente. Nestes tempos de acirrada beligerância e de intolerância aguda respeitar a diferenças é praticar uma  obra de misericórdia.

Suplica-se, assim, que o exemplo de José favoreça a conversão Quaresmal e ajude a bem celebrar a Páscoa. Que tal modelo humanize as relações; Inspire  a compaixão diante das fragilidades humanas;  A paciência com o rude e com os que sofrem.  A Solidariedade com os que sentem fome, sede ou frio ou  com quem não tem teto para morar, são refugiados ou estão encarcerados.

*Pe. Reuberson Ferreira, mSC, Vigário  na Paróquia S. Miguel, Arquidiocese de São Paulo.