INTERPRETES DA RESSURREIÇÃO - Pe. Reuberson

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19/04/2018 - 08:15

QUINTA FEIRA DA 3ª SEMANA DA PÁSCOA

Leituras: At8, 26 - 28;Sl:65; Evangelho: Jo 6, 44-51

Contemplamos com nossos olhos, sentimos em nossa própria história e coração as alegrias atinentes a este tempo litúrgico da páscoa. Ele nos coloca ante o ponto nodal de nossa fé, a ressureição de Jesus. Nos aponta, no mistério da paixão morte e ressurreição do Senhor, o caminho indiviso da nossa salvação. Cristo,por seu sacrifício, garantiu-nos uma vidanova, uma vida eterna(Jo 6 ,51b). A alegria da páscoa, que não se extingue em uma única celebração, masdilata-se por toda nossa vida, é o pequeno tesouro que ostentamos para o mundo, a flamula que hasteamos e amarca de nosso compromissocom a  humanidade.

Aalegre liturgia destaquinta-feira da terceira semana dapáscoa exorta-nos a sermos hermeneutas do mistério da ressurreição de Cristo para a humanidade em todos os tempos. Ao mesmo tempo, revela-nos as leituras deste dia que aqueles a quem nós   apresentamos o mistério da ressurreição, são em última análise, atraídos pelo próprio Deuse  por aquilo que nos  revelamos dele.

A primeira leitura, extraída dolivro dos Atos dos apóstolos, apresenta Filipe no exercício acurado de interpretar de forma eficaz as marcas da Ressureição aos homens do seu tempo. Relata o texto que, instado por um anjo, o Filipe foi para o sul(v.26). Nesse lugar, encontrou um homem rico. Pagão, por nascimento; Temente a Deus,por opção.Obstinado em conhecer o Senhor, meditava os textos sagrados, especificamente o  livrode Isaias( Is, 53, 7-8). Inflamado pelo espírito, Felipe explica as escrituras ao Eunuco. Apresenta que Jesus é aovelha emudecidalevada ao matadouro, aquele a quem foi negada a justiça. Ele, no entanto, foi ressuscitado por Deus, venceu a morte. O eunuco acedeu à fé anunciada por Felipe e foi batizado. Tornou-se seguidor do Cristo. Desse texto, depreende-se que não raros homens e mulheres necessitam de cristãos que sejam interpretes, por ações e palavras, da ressurreição, suscitandonovas sementes de vida cristã.

O Salmo e o evangelho, a nosso ver, configuram-se versões encarnadas que interpretam a ação concreta de Deus na história da humanidade. O Salmista declama em versos que o Senhoré quem dá a vida e mantem sempre perto do homem seu divino  amor. Deus é próximo da humanidade! O Evangelhode João, por sua vez,servindo-se de uma parte do discurso sobre o pão da vida,assegura que é Deus conduz e atraí a sihomens e mulheres em todos os tempos(v.44).Esse Deus que atai a humanidade,a nutre e  asacia com sua palavra, sua graça(v.48). Afinal, ele é verdadeira comida (v.50), opão descido do céu(v.51) que sacia a fome da humanidade e lhe garante avida eterna(v.51). A ressurreição de Jesus, portanto, é sinal indelével queDeus desejaconduzir a humanidade à plenitude, a uma vida nova e eterna.

As leituras da liturgia desta quinta-feira,portanto,desafiam-nos a, mesmo reconhecendo que Deus é quem atraí para si toda humanidade, que  em todos os tempos temos que  traduzir de maneira atual e convincente o grande mistério da Ressurreição de  Jesus. Apresentá-lo ao mundo como um evento singular que restaura  a vida; renova a esperança e faz caminhar em busca do infinito. Uma apresentação, que não pode   alojar-se apenas nas palavras, mas na ação concreta de homens e mulheres que, por crerem na ressureição, constroem um mundo novo, solidarizam-se com os frágeis, defendem os injustiçados e promovem o bem de todos.

 

Pe. Reuberson Ferreira,mSC - Trabalha na Paróquia S. Miguel Arcanjo, Arquidiocese de São Paulo.

(escreve às quintas feiras neste espaço)