MATEUS É ACOLHIDO> Raul Amorim

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21/09/2018 - 09:30

Mt. 9,9-13

Os cobradores de impostos eram considerados pecadores, por exercerem profissão que favorecia os interesses do Império Romano e facilitava a prática do roubo. Com o chamado de Mateus e com a reunião em torno de uma mesa, Jesus mostra como rejeita os esquemas que discriminam as pessoas, tanto do ponto de vista social como religioso.

Mt.9,9: Tendo partido daí, Jesus viu um homem chamado Mateus sentado na coletoria de impostos. Jesus lhe disse: “Siga-me! ” Levantando-se, ele o seguiu.

Para entender melhor este versículo é importante lembrar que no direito romano, os intermediários que em cada país, eram encarregados de cobrar impostos e tributos dos seus próprios conterrâneos. Eram chamados de publicanos. Eles tinham direito de a parte deles em cada taxa. A população judaica os detestava. Pela lei eram considerados “pecadores públicos”.

Mateus é um publicano, cobrador de impostos em nome do Império Romano. É claro que Jesus conhecia o pecado daquele pecador, mas estava interessado no pecador e não no pecado. Jesus deixa claro que o verdadeiro sentido da Lei só é captado a partir da prática da misericórdia.

Mt.9,10: Ora, aconteceu que Jesus estava em casa sentado à mesa. Chegaram muitos cobradores de impostos, e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos.

Chamando Mateus, Jesus mostra aos pecadores que não leva em consideração o passado deles, nem sua condição social, ao contrário, acolhe-os à mesa e assim abre-lhes perspectiva para um novo futuro. Lembro aqui um ditado: “Não existe santo sem passado, nem pecador sem futuro”.  

A Igreja não é uma comunidade de pessoas perfeitas, mas de discípulos a caminho, que seguem o Senhor porque se reconhecem pecadores e necessitados do seu perdão. O Papa Francisco diz: “A vida cristã é escola de humildade que nos abre à graça”.

Mt.9,11: Vendo isso, os fariseus perguntavam aos discípulos de Jesus: “Porque o mestre de vocês come entre os cobradores de impostos e pecadores? ”

O comportamento de Jesus não é compreendido por pessoas que têm a arrogância de se julgar “justos”, de achar que são melhores que os outros. Essa atitude não permite enxergar o rosto misericordioso de Deus e agir com misericórdia seguindo o exemplo de Jesus.

O sentimento de superioridade (cultura do ego) e o orgulho são “muros” que impedem nossa relação com Deus. Jesus não liga para a acusação. Ele acolhe e é acolhido e até faz uma confraternização com eles.

Mt.9,12: Jesus ouviu e respondeu: “Não são os sadios que precisam de médico, e sim os doentes. Vão e aprendam o que significa: Quero misericórdia e não sacrifício. Porque eu não vim chamar os justos e sim os pecadores”

Jesus faz memória do livro do profeta Oseias: “Pois eu quero amor e não sacrifícios, conhecimento de Deus mais do que holocaustos” (Os.6,6). Com o chamado de Mateus e com a reunião em torno de uma mesa, Jesus mostra como rejeita os esquemas e planejamentos que discriminam as pessoas, tanto do ponto de vista social como religioso.

Jesus se utiliza da Palavra de Deus para ensinar que os fariseus eram muito observantes da lei, mas não estavam dispostos a compartilhar a mesa com os publicanos e pecadores. Não reconheciam a possibilidade de uma renovação de vida. Não colocavam em primeiro lugar a misericórdia. Para Jesus a misericórdia vem em primeiro lugar.

P/CEBI (Centro Estudos Bíblicos) Raul de Amorim Pires> raul4ap@gmail.com