O REINO DE DEUS FRUTO DA FIDELIDADE DA CONFIANÇA

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08/02/2018 - 11:15

QUINTA FEIRA DA 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM (Ano B)

Leituras: 1Rs 11, 4-13 Sl:105; Evangelho: Mc 7,24-30

A mística que marca o tempo comum convida-nos a modelar a própria história, em seus mais ínfimos aspectos, pelos preceitos do Senhor, pelas ações do único que tem palavras de vida eterna(cf. Jo 6,68). Este tempo litúrgico nos propõe comtemplar a ação de Deus no mundo e a reproduzi-la em nossas relações e atividades. Construindo já aqui na terra e com vistas a eternidade, o Reino definitivo de Deus anunciado por Jesus Cristo.

Nesse espírito, a liturgia desta quinta-feira da quinta semana do tempo comum nos apresenta que o Reino de Deus, anunciado por Jesus, se edifica sob o pálio da fidelidade e da confiança. Ele é acolhido por aqueles que divisam no Cristo um naco de esperança, um sonho de vida nova ou um projeto de salvação e libertação.

A primeira leitura desta liturgia é extraída do livro dos Reis. O texto, pela via inversa, instiga-nos à fidelidade. Fala-nos da postura de Salomão, escolhido por Deus para suceder seu Pai Davi, sob a condição de reger o povo na fidelidade ao Senhor. O próprio Salomão corrompeu-se, desviou o coração(v.4.9). Assim, Deus “irritado” com seu servo infiel (v.11) atesta que o reinado dele será divido, sua boa fama prescrita(v12). Deus, não obstante, deixará uma ínfima parte desse reino a um dos seus descendente por amor a Davi e a cidade celeste, Jerusalém(v.1).Ensina-nos esta passagem que a fidelidade aos mandamentos do Senhor é a maior e mais premente exigência de Deus. Viver de modo diverso ao proposto incide no risco de pôr em cheque a construção da nova humanidade sonhada pelo criador.

O Evangelho, por seu turno, é retirado daquele escrito por Marcos. No texto de hoje, encontramos Cristo no exercício pleno do seu ministério, fazendo o bem. Trata-se da cura da filha de uma mulher sírio-fenícia (v.26). Ela, embora reconhecendo sua condição de frágil, errante e infiel(v.26) vê em Jesus, diferente de muitos que o acompanhavam com certa curiosidade, um Salvador. Ciente dessa condição de Jesus, ela suplica insistentemente que o senhor liberte sua filha do mal. Atento a insistência, humildade e fé daquela mulher, Cristo lhe conceda a graça desejada(v.29.30).Desafia-nos esse texto a reconhecer em Jesus a fonte viva de toda libertação; A insistir mesmo diante de situações que parecerem irremediáveis; Por fim,  exorta-nos abertura para perceber que o Senhor pode agir pela mediação, incluso daqueles que não são do povo eleito. Afinal, Ele é quem faz todas as coisas!

Nesse sentido, o conjunto desta liturgia orienta-nos a edificarmos o reino de Deus. Trata-se da verdade mais profunda e inabalável da qual jesus se ocupou em todo seu ministério. O caminho apontado através das leituras para a edificação desse Reino é o da fidelidade; O deslumbrar da ação de Deus mesmo em meio às situações mais adversas e a perspicaz capacidade de admitir que o Reino floresce de forma misteriosa entre os mais variados povos, em meio a diversos homens e mulheres de boa vontade.

 

Pe. Reuberson Ferreira, mSC - Mestre em Teologia  pela  PUC-SP. Trabalha na Paróquia S. Miguel Arcanjo, Arquidiocese de São Paulo.