Fechado para balanço...

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29/11/2017 - 10:30

É muito comum que nesta época do ano as empresas e o comércio façam a revisão dos seus resultados, comparando vendas e as despesas, para averiguar o lucro. Para fazer isso, é necessário interromper as atividades e é preciso fechar para balanço. A interrupção temporária do trabalho abre espaço para contagem de mercadorias, para cálculos e, também, para uma programação do futuro. Essa revisão das atividades é boa e necessária para a “saúde financeira” das empresas.

Para a nossa espiritualidade, também é importante e necessário fazer uma revisão de vida. Quais foram os fatos e acontecimentos que marcaram a nossa vida neste ano? Como percebemos a presença de Deus nesse acontecimento? O que aprendemos? Como tudo isso pode nos ajudar no futuro? Essas e outras são perguntas simples, mas que podem nos ajudar muito se queremos crescer como cristãos e como pessoas.

Olhar para nossa vida requer esforço e atenção e, é claro, também exige oração. Na revisão da vida espiritual, é possível encontrar situações de sofrimento que trazem sentimentos de dor, e nem sempre é fácil enfrentá-los. Somente a partir do amor e da graça de Deus será possível alimentar a esperança de continuar.

Diferentemente de uma relação comercial que visa lucro material, na caminhada de fé se procura um crescimento espiritual, que vem pelo bom combate, conforme ensina São Paulo: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” (2Tm 4,7). Uma boa revisão de vida torna possível contabilizar as conquistas e também o que foi perdido, mas, principalmente, nos ajuda a aprender, pois cada experiência vivida conta e tem sentido. Parar e refletir sobre nossa vida é mais que um tempo de descanso, embora esse também seja necessário. Uma revisão de vida é uma atitude estratégica para recomeçar, é uma preparação norteadora para retomar o rumo dos acontecimentos.

Sendo assim, a revisão de vida é parte essencial na dinâmica da vida cristã, completada pela oração, pois, sem ela e sem intimidade com Deus, nossas experiências se tornam áridas, e a vida fica esvaziada de sentido. E é por esse motivo que a liturgia da Igreja nos oferece um caminho celebrativo guiado pela Palavra de Deus. O tempo do Advento marca o início do novo ano litúrgico e nos coloca na expectativa da vinda do Senhor, mas essa espera também nos impulsiona para o presente e para os seus desafios. Paramos para rever nosso caminho espiritual, recebemos a força da Palavra e da Eucaristia e seguimos adiante, com mais vigor e mais empenho na concretização do Reino de Deus.
 

Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo Auxiliar sa Arquidiocese na Região Brasilândia
e Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação