Basta-te a minha graça

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05/07/2015 - 11:15

14 DOMINGO DO TEMPO COMUM - Homilia

Ez 2, 2-5;

2Cor 12, 7-10;
Mc 6, 1-6.

O texto do evangelho repete uma idéia que aparece também nas outras duas leituras deste domingo: Deus manifesta-se aos homens na fraqueza e na fragilidade. Normalmente, ele não se manifesta na força, no poder, nas qualidades que o mundo julga brilhantes e que as pessoas admiram e exaltam; mas, muitas vezes, ele vem ao nosso encontro na fraqueza, na simplicidade, na debilidade, na pobreza, nas situações mais simples e banais. É necessário que assimilemos a “lógica de Deus”, para que não percamos a oportunidade de encontrá-lo.

A postura adotada pelos habitantes de Nazaré é um alerta para todos nós. Comodamente instalados nas suas certezas e preconceitos, eles decidiram que sabiam tudo sobre Deus e que Deus não poderia estar no humilde carpinteiro que eles conheciam tão bem. Esperavam um Deus majestoso, que haveria de se impor de forma estrondosa, e assombrar os inimigos com a sua força; e Jesus não se encaixava neste perfil. “Preferiram renunciar a Deus, do que à imagem que dele tinham construído”.

Apesar da incompreensão de seus concidadãos, Jesus continuou fiel a sua missão. Rejeitado em Nazaré, ele foi percorrer as aldeias dos arredores, anunciado o advento do Reino de Deus. A perseverança de Jesus não dependia do humor de seus ouvintes. A qualidade do anúncio do evangelho não se mede pela acolhida imediata que suscita, mas pela fidelidade do evangelizador à missão que lhe foi confiada. A fidelidade ao evangelho, certamente, não nos reserva aplausos e reconhecimento, mas contrariedades e perseguições e, em alguns casos, o discípulo terá o mesmo fim do mestre: a morte violenta.

Fidelidade ao evangelho é a marca registrada do cristão. O verdadeiro evangelizador evita o ‘vedetismo’, não aceita atrair sobre si próprio as ‘luzes da ribalta’, a admiração das multidões, pois sabe muito bem que a força do evangelho age através, e apesar, de suas fraquezas e limitações. Sabe que não é a fonte, mas apenas portador da graça a outras pessoas. Nas limitações do discípulo manifesta-se ao mundo a força de Deus.

Limitações e fragilidades não são determinantes para a evangelização. O que é determinante é a confiança na graça de Deus. Fidelidade à graça. Foi a atitude de Jesus; foi também a atitude daquele que se tornou o maior missionário da Igreja de Jesus Cristo, Paulo (2ª leitura), que apesar de suas limitações (espinho na carne) sempre foi fiel à ação da graça. Paulo superou as rejeições ao seu apostolado dentro da própria comunidade cristã. Soube lidar e vencer as rejeições; não desanimou, não desistiu. Seu segredo: Fidelidade ao evangelho! Assim seja!