Esperança e paciência, virtudes do discípulo missionário

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16/06/2015 - 16:00

Às vezes nos angustiamos porque parece que o bem não progride, e que o mal sempre o supera (…); muitas vezes, infelizmente, não vemos prevalecer a justiça, a fraternidade, a paz (…). Parece que nós, discípulos de Cristo, estamos simplesmente perdendo tempo (…). Será mesmo!?

O evangelho de hoje é a resposta a esta “angústia” que assalta muitos cristãos na atualidade, como também no passado perturbou os primeiros cristãos. Ainda mais no tempo em que vivemos, no qual prevalece o binômio: “eficiência — imediatismo”. A palavra de ordem é produzir sempre mais em menos tempo: com a tecnologia acelerar o crescimento e o amadurecimento dos frutos. É a grande tentação de querer apressar o Reino por métodos e técnicas humanas. Ainda mais num tempo como o nosso que tanto valoriza a eficiência. E o evangelho vem nos falar justamente de “tempo a perder de vista (…)”.

Saber esperar é o segredo do Reino, pois Deus não utiliza meios deslumbrantes e avassaladores. Muito pelo contrário, o Reino cresce de modo muito discreto, quase imperceptível, tão lento que, como nas plantas, nosso olho não pode vê-lo nem nosso ouvido percebê-lo no momento em que se está produzindo. É Deus mesmo que garante o crescimento de seu Reino; aliás, rezamos no Pai-Nosso, “venha a nós o vosso Reino”; pois é, o Reino não é nosso, é de Deus. Nós colaboramos para o crescimento do Reino, e só! Por isso, não podemos permitir que o desalento nem o pessimismo derrotista tomem conta de nós (…)!

Nossa colaboração é semelhante ao trabalho do agricultor, que prepara a terra e lança a semente. Trabalho que exige esperança e paciência. Embora cultivemos o terreno, plantemos e cuidemos, a vitalidade, a capacidade de crescer se encerra na semente. É Deus quem faz crescer o Reino. A Palavra de Deus é semelhante à semente, que por si mesma, cresce e produz fruto. Seu processo é lento, mas progressivo.

A semente fica escondida na terra. É seu modo natural para germinar e brotar. É seu modo natural de lançar raízes e se firmar. O mesmo acontece com as coisas do Reino: muitas vezes são escondidas, discretas, sem barulho. A garantia de seu futuro não depende de técnicas humanas, mas da vontade de Deus.

Como a semente de mostarda que é a menor de todas as sementes, mas depois de germinada e desenvolvida transforma-se numa grande hortaliça. Nesta parábola, fica evidente a força do contraste: menor das sementes/ maior das hortaliças. Contudo, só o tempo, longo tempo, permite o crescimento da semente de mostarda!

Em meio a oposições, hostilidades e resistências é preciso continuar semeando. O processo é lento. Para os “apressados”, o evangelho de hoje é um alerta: para sermos discípulos de Cristo é necessário ter algo da paciência de uma semente que dia e noite, cresce, brota, desabrocha, e amadurece num longo processo silencioso e quase anônimo. Saber esperar é o segredo; os frutos a seu tempo virão. Assim seja!