Evangelizar: missão de todos os batizados

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28/09/2015 - 09:00

26˚ DOMINGO DO TEMPO COMUM - homilia dominical (27/09/2015)

O evangelho deste domingo é constituído por um conjunto de “ensinamentos”. Temos vários temas a cruzar o nosso texto. O tema principal – que é também o tema da primeira leitura – referese à necessidade da comunidade ser acolhedora, tolerante, capaz de conviver com aqueles que professam outras confissões religiosas. O verdadeiro discípulo de Cristo não é fanático, arrogante e intolerante. O Espírito Santo atua além dos limites da Igreja católica: “quem quer que trabalhe em benefício do ser humano, está do lado de Jesus”!

Jesus procura levar os discípulos a ultrapassar uma “visão sectária e egoísta”, típica de fanáticos religiosos. Na perspectiva de Jesus, quem promove o ser humano está sempre de seu lado e vive a dinâmica do Reino, mesmo que não esteja formalmente dentro da estrutura eclesial.

Na segunda parte do evangelho, temos outros ensinamentos de Jesus que abordam diferentes temas. Nesses preceitos são usadas imagens fortes, expressivas, destinadas a chamar a atenção dos ouvintes. Não são expressões para serem traduzidas literalmente; mas são expressões que pretendem enfatizar a necessidade de fazer escolhas acertadas, de optar com radicalidade pelos valores do evangelho.

Segundo a mentalidade semita, “pés, mãos e olhos” indicavam os impulsos para fazer o mal. É preciso “amputar” as ocasiões de pecado; é necessário dominar e disciplinar as paixões! Quando Jesus fala em cortar a mão – a mão é na cultura semita o órgão da ação, através do qual se concretizam os desejos que nascem do coração – ou de cortar o pé ou de arrancar o olho que é ocasião de pecado – o olho é o órgão que dá entrada aos desejos; o pé é o órgão que nos levar a agir para concretizar os desejos – está a enfatizar, com toda a veemência, a necessidade de agir, lá onde as más ações têm sua origem e a eliminar as raízes do mal. Estando em risco a salvação eterna das pessoas, não se pode protelar ou adiar ações que são fundamentais para nossa saúde espiritual.

Por fim, Jesus alerta para o risco da perdição eterna. O castigo na “Geena”, onde o verme não morre e o fogo não se apaga. “Geena” refere-se a um vale situado próximo à Jerusalém, onde era queimado o lixo produzido pelos habitantes da cidade. Era considerado um lugar impuro, tenebroso, que convinha evitar. Jesus utiliza o termo “Geena” para falar de uma vida perdida, frustrada, sem sentido.

Quem não for capaz de cortar o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência, é como se, em vez de viver num lugar livre e feliz, estivesse condenado a viver no vale da “Geena”, lugar de podridão, de infelicidade. Fica a advertência de Jesus: o modo como conduzimos nossa vida é muito importante, pois dele depende nossa salvação eterna.