O pão da Vida

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03/08/2015 - 09:00

18° DOMINGO DO TEMPO COMUM - Homilia

O sexto capítulo do evangelho de são João é um discurso sobre a “eucaristia”. Discurso carregado de alegorias. Sempre que faltam palavras, a linguagem teológica recorre aos símbolos. A perícope deste domingo (cf. Jo 6,24-35) está repleta de símbolos.

O símbolo vai além do que podemos perceber pelos sentidos. Por exemplo: se vejo desenhada uma pomba, meus olhos vão dizer que é uma pomba. Porém, se vou além do que meus olhos avistam, posso “contemplar” nessa pomba a manifestação do “Espírito Santo”, ou a expressão da “paz”. Quando Jesus multiplicou o pão, o povo viu pão, cheirou pão, comeu pão. No entanto, Jesus queria que eles fossem além do olfato e do paladar e “contemplassem” naquele pão multiplicado, e comido, um “sinal da eucaristia”, alimento que permanece até a vida eterna (cf. Jo 6, 27).

O pão não é somente alimento, mas também símbolo da vida. Alimento e vida andam juntos, e não comer é começar a morrer, e isso se mostra inclusive na expressão “estou morrendo de fome” ou “estou morrendo de sede”. Porém, além da preservação da vida biológica, há nas pessoas uma fome e uma sede mais radical: “fome e sede de eternidade”. Pois bem, Jesus é o “pão” que sacia nosso anseio de eternidade: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6, 35).

Só a partir da fé é que Jesus se torna pão da imortalidade para nós. A fé leva-nos a enxergar além da “materialidade do pão”, a “presença real” de Cristo na eucaristia. Presença que transforma definitivamente nossa existência, levando-nos a viver em Cristo. Ou no dizer de São Paulo, a remover o modo de viver anterior, o velho homem, e revestir-se do homem novo (cf. Ef 4, 22-24).

Que a eucaristia produza em nós o desejo manifestado pela Igreja na oração pós-comunhão do vigésimo sétimo Domingo do Tempo Comum: “Possamos, ó Deus onipotente, saciar-nos do pão celeste (...), para que sejamos transformados naquele que agora recebemos (...)”. Amém!