Somos co-responsáveis pela salvação do próximo

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27/07/2017 - 11:00

Na vida de qualquer pessoa pode chegar um momento de “imobilidade”. É o momento da “paralisia”. Paralisia do ânimo, que se manifesta pelo desinteresse pelas coisas e atividades que antes despertavam entusiasmo, mas que agora não dizem mais nada. A paralisia do ânimo pode chegar ao seu nível mais extremo quando a pessoa não encontra até mesmo motivações para viver. Mas também existe a “paralisia da fé”, quando não temos mais motivação nem vontade de continuar progredindo na vida espiritual.

Pois bem, a verdade é que em determinados momentos de nossas vidas necessitamos de ajuda. Somente com nossas próprias forças nãos somos capazes de vencer os males que nos angustiam. Isso está bem ilustrado no evangelho, quando Jesus cura um paralítico (cf. Mc 2, 1-12). Este homem não consegue agir sozinho, está imobilizado. Somente com a ajuda de quatro amigos consegue chegar até Cristo. Quatro pessoas de fé, que não mediram esforços, dispostos a qualquer sacrifício para ajudar o amigo; para tirá-lo de uma situação de morte. A partir deste episódio podemos tirar uma lição para nossa vida: a pessoa de fé assume a responsabilidade de levar até o Senhor, através de suas obras, de seu comportamento, de suas orações e de seu modo de ser e viver, os que ainda não crêem.

Os quatro amigos foram criativos: baixaram a maca pelo telhado. Temos aqui outra característica da pessoa de fé: quando um caminho está bloqueado, devemos buscar alternativas. Persistência e criatividade para fazer o bem! Não ficar indiferente e insensível àquelas pessoas paralisadas pelo pecado. Talvez o maior mal que atualmente padecemos é a “indiferença”. Não nos sentimos “coresponsáveis” pela salvação do próximo.

Parece estranho que, depois de todo o esforço para fazer o paralítico chegar até Jesus, lhe seja anunciado o perdão dos pecados (cf. Mc 2, 5). Era de se esperar o imediato anúncio de sua cura. Por que, então, Jesus começou perdoando-lhe o pecado? Porque o maior mal que assola o ser humano é o “pecado”; por isso mesmo, a cura deve ser integral, atingindo o ser humano como um todo. Jesus cura o interior e o exterior daquele homem.

Santo Ambrósio costumava dizer que a oração dos fiéis, dos mártires e de todo o povo santo, é como a fé dos quatro homens que levaram o paralítico até Cristo. Da mesma forma, nossa oração, “fortalecida pela intercessão da Virgem Maria e dos santos”, será capaz de tornar viva a presença de Deus na vida de nossos familiares, amigos e, especialmente, daquelas pessoas que nos perseguem e, muitas vezes, nos fazem sofrer (…). Nunca deixemos de rezar por aqueles que estão paralisados, imobilizados pelos pecados. Eles precisam de nossa ajuda, de nossa solidariedade, pois somos co-responsáveis pela salvação de nossos irmãos.

 

Dom José Roberto Fortes Palau
Vigário Episcopal 
Região Ipiranga