A ressurreição de Cristo e a nossa

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25/04/2014 - 00:00

O Catecismo da Igreja Católica (cf. 638-647; YOUCAT 104-108), partindo do testemunho do Novo Testamento, afirma que a ressurreição não é fruto da alucinação ou uma piedosa invenção dos Apóstolos, mas que é um fato real (cf. 643).

1. A ressurreição é um fato que se refere a Cristo. Não é somente a Sua mensagem que ressurge na pregação dos Apóstolos, nem é somente a Sua causa que continua na luta dos Seus discípulos. É a Sua pessoa que está presente e atuante realmente no aqui e no agora da história.

Portanto não é correto pensar que seja a fé dos discípulos a ressuscitar e a manter viva a causa de Jesus. Ao contrário, é o Ressuscitado que conduz os discípulos à fé na ressurreição e ao seu testemunho até o sangue. Não é o Mestre que vive graças à luta e ao idealismo dos Seus discípulos; são eles que vivem dEle, porque está vivo, presente e atuante. A mensagem da ressurreição é, de fato, testemunho de fé. Mas a ressurreição não é produto desse testemunho.

2. Cristo ressuscita em toda a sua realidade pessoal. Não é somente a sua alma que vive. A ressurreição de Cristo é também corpórea.

A insistência dos relatos das aparições na realidade corporal de Jesus sublinha que a ressurreição não é a diminuição, mas a plenitude da vida. Nesse sentido, a ressurreição não é absolutamente a libertação da corporeidade. Pelo contrario, Jesus ressurge com ena corporeidade. 

3. Nesse mesmo sentido, o túmulo vazio é significativo: a ressurreição de Cristo não é uma realidade puramente espiritual, mas tem referência também ao corpo, à realidade histórica e material. E exatamente em sua humanidade glorificada, Cristo permanece unido ao mundo e a nós. De fato, Ele ascende ao céu “não para se afastar de nossa humildade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à glória da imortalidade” (prefácio da Ascensão do Senhor I).

4. A ressurreição não significa um retorno de Jesus à sua vida terrena ordinária. Ela não é como a de Lázaro. 

5. Além de não ser um retorno à vida terrena, a ressurreição de Jesus tampouco é uma continuação dessa vida. Ele retoma a vida, mas se trata da vida nova, definitiva, própria de Deus.

6. A ressurreição de Cristo é princípio e modelo de nossa ressurreição, por isso a esperança cristã é esperança para a realidade total da vida humana. A promessa de vida feita por Deus ao homem não pode ser entendida somente em termos unilateralmente espiritualistas. Isso seria um empobrecimento indevido da promessa divina revelada e realizada na ressurreição de Cristo. Com efeito, o cristão crê na “ressurreição da carne e na vida eterna”.

Agora, que a morte já não é mais o fim de tudo, veio ao mundo a alegria e a esperança. Depois de a morte deixar de ter poder sobre Jesus (Rm 6,9), também já não tem mais poder sobre nós, que pertencemos a Jesus (YOUCAT, 108).


Artigo publicado no Jornal O São Paulo - 22/04/2014

A ressurreição de Cristo e a nossa