A Ressurreição de Jesus é a grande revelação do Novo Testamento

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09/10/2014 - 00:00

Querido Leitor do Jornal O São Paulo, estamos no tempo Pascal, que compreende cinquenta dias (em grego = "pentecostes"), vividos e celebrados como um só dia: "os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes devem ser celebrados com alegria e júbilo, como se se tratasse de um só e único dia festivo, como um grande domingo"  Na liturgia dominical,  o Evangelho  deste período nos fala das aparições de Jesus aos discípulos. Jesus em pessoa aparece entre os seus discípulos e é tão inesperado que eles não podem acreditar: pensam que é um fantasma. De fato, a ressurreição não é invenção, não é criação da comunidade. Foi necessária uma intervenção de Jesus vivo para que eles chegassem à fé na ressurreição.

Jesus se faz reconhecer com sinais realíssimos: “olhai minhas mãos e meus pés. Sou eu mesmo”. Aquilo que eles veem é o corpo de Jesus que foi pregado, que foi traspassado. Deus, em Cristo, iniciou uma nova criação: tomou um corpo humano e o fez um novo corpo espiritual, mas que está em continuidade com o primeiro.

“Abriu-lhes a mente para a inteligência das Escrituras”. É a grande revelação do NT: a ressurreição de Jesus dá um novo sentido, um sentido definitivo para as Escrituras. Todas as coisas que pareciam enigmáticas, obscuras, se tornam luminosas, claras, como profecia da ressurreição de Cristo.

Nas Escrituras, de fato, muitas coisas anunciam a ressurreição de Cristo, muitas coisas são figuras da paixão e da ressurreição. Naturalmente não podiam representar todo o mistério: eram uma imagem antecipada e, portanto, imperfeitas. Quando Jesus ressuscitou, então aparece claro tudo aquilo que as, narrações, salmos, relatos, anunciavam do mistério de Deus: paixão e ressurreição de Cristo.

Em que sentido as coisas do AT são figuras imperfeitas? São imperfeitas no sentido de que toda vez que a morte é representada de modo real, a ressurreição não se representa do mesmo modo. E vice-versa, quando a ressurreição é efetivamente figurada, então é a morte que não se representa da mesma maneira.

Alguns exemplos. Abel assassinado pelo irmão é figura de Cristo na sua morte. Depois da sua morte, Deus diz a Caim: “O sangue do teu irmão clama a mim”. Abel morto fala ainda. Aqui o NT viu uma figura da ressurreição de Cristo, mas é uma figura muito pálida: há algo de Abel que ainda vive depois de sua morte e que clama a Deus, mas Abel mesmo não se apresenta mais vivo diante de Caim.

Outro exemplo: o sacrifício de Isaac. Aqui é a ressurreição que é prefigurada de modo real, porque depois do sacrifício Isaac está vivo, Abraão recupera seu filho com vida. Por outro lado, a morte, a verdadeira morte, não aconteceu realmente. Abraão levanta o braço para sacrificar o filho, mas não mata realmente. O sacrifício é somente simbólico.

Muitos símbolos ainda representam de modo preparatório o grande mistério da Páscoa: a história do povo de Deus, o templo destruído e reconstruído depois do exílio.

Depois desta milenar preparação se cumpre definitivamente em Cristo o mistério e se iluminam todas as profecias e prefigurações.

 

Matéria publicada no Jornal O São Paulo - 08/05/2014

A Ressurreição de Jesus é a grande revelação do Novo Testamento