A Revelação é mais do que comunicação de leis, de preceitos e de informações

A A
25/09/2014 - 00:00

Caro amigo, cara amiga. 
O ser humano constata a todo momento o que não lhe satisfaz. Mesmo a experiência mais autêntica e verdadeira do bem, do amor, da alegria, até mesmo as conquistas mais bonitas da sua liberdade e da sua criatividade não conseguem satisfazer o seu coração inquieto: ele sempre deseja algo mais, sempre busca e almeja uma felicidade maior, uma realização mais elevada e plena de si mesmo. 
Nesse ponto está o mistério de cada um de nós: o ser humano é um buscador do Absoluto. Através de pequenos passos, por meio de resultados incertos e de conquistas parciais, o ser humano busca e deseja o Absoluto. Mas esse objetivo de sua vida ele não o alcança sozinho e pelas suas próprias forças. Ele atinge a realização de seu desejo de Absoluto porque este lhe vem ao encontro. Assim o ser humano constata que sem a iniciativa de um Outro o encontro não seria possível. 
É exatamente essa iniciativa do totalmente Outro que vem ao encontro do homem que o Catecismo chama de revelação divina.
50. Pela razão natural, o homem pode conhecer Deus com certeza, a partir das suas obras. Mas existe outra ordem de conhecimento, que o homem de modo nenhum pode atingir por suas próprias forças: a da Revelação divina. Por uma vontade absolutamente livre, Deus Se revela e Se dá ao homem. Ele faz isso revelando o seu mistério, o desígnio benevolente que estabeleceu em Cristo, em favor de todos os homens. Revela plenamente o seu desígnio, enviando o seu Filho bem-amado, nosso Senhor Jesus Cristo, e o Espírito Santo.
51. Aprouve a Deus, na sua sabedoria e bondade, Se revelar a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade, segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tomam participantes da natureza divina.
Note, caro(a) amigo(a), como é rica a definição que o Catecismo dá da Revelação. 
A Revelação é mais do que comunicação de leis, de preceitos e de informações. Deus, em sua bondade e condescendência, se aproxima para Se revelar e Se doar ao homem e para lhe revelar o seu desígnio de salvação. 
O que Deus revela não é algo alheio ao próprio Deus. O objeto e o conteúdo da revelação não é primeiramente um conjunto de ideias e de doutrinas, mas é o próprio Deus: Ele mesmo Se revela. Assim o sujeito da revelação (Deus) e o objeto da revelação (Deus) coincidem. É aquilo que nós chamamos de autorrevelação divina. 
A Revelação é a característica peculiar da nossa fé cristã. De fato, o cristianismo não é mera religião formada de ritos, mitos e normas morais, tampouco é religião do livro. O cristianismo vive da experiência histórica da manifestação pessoal de Deus (=Revelação).
A revelação é uma atividade pessoal de Deus. Não é uma ação necessária ou um processo involuntário de Deus, como uma emanação. Como ação pessoal, Deus empenha seu próprio ser e inclui a si mesmo na revelação. Além disso, a revelação é um gesto de amor no qual o Deus transcendente condescende para se fazer próximo do homem e para o chamar à comunhão consigo.
Caro amigo, cara amiga: tenha um bom mês da Bíblia.