Caro amigo, cara amiga,
os cristãos exprimiram e transmitiram com fidelidade a fé apostólica, desde o início até os dias de hoje, através de fórmulas breves e válidas para todos os fiéis. Essas fórmulas sintéticas e vinculantes são chamadas de «profissões de fé», porque resumem a fé professada pelos cristãos. São chamadas de «Credo», pelo fato de elas normalmente começarem pela palavra: «Creio». São chamadas também de «símbolos da fé».
Os símbolos não inventam nada. Tudo o que eles afirmam em suas fórmulas doutrinais são a explicitação do que está contido no Evangelho. Tais sínteses não foram criadas como meras invenções literárias. Elas têm a finalidade de ligar vitalmente a geração atual à mesma fé dos apóstolos e, através disso, ao Salvador Jesus Cristo.
A nossa fé é a mesma fé dos Apóstolos, é a mesma da Igreja ao longo de mais de dois milênios. A fé nos liga vital e realmente a Jesus Cristo.
É muito significativo que os símbolos da fé tenham se desenvolvido no contexto da celebração batismal. Há, de fato, uma vinculação profunda do símbolo da fé com o sacramento do batismo.
Por volta do ano 215, encontramos um símbolo de fé que nos é transmitido por Hipólito. Nessa época, essa confissão de fé já tinha se firmado como uma fórmula fixa.Antes de descer às águas do batismo, o catecúmeno renunciava a Satanás e depois, antes das três imersões, professava a fé respondendo às três perguntas da seguinte maneira:
Crês em Deus Pai onipotente? Crês em Jesus Cristo, Filho de Deus, que nasceu da Virgem Maria (concebido) pelo Espírito Santo, foi crucificado sob Pôncio Pilatos, morreu e foi sepultado e ao terceiro dia ressuscitou vivo dos mortos e subiu ao céu e se sentou à direita do Pai e virá para julgar os vivos e os mortos? Crês no Espírito Santo, na santa Igreja e na ressurreição da carne? (Traditio apostólica, 21).
Como você pode notar essa confissão de fé é usada até hoje na celebração do batismo.
Essa confissão de fé tem uma estrutura trinitária e tem também a forma de um diálogo.
A estrutura trinitária da fórmula batismal mostra como o catecúmeno, ao responder “creio” às três perguntas, entrega sua vida ao Deus Uno e Trino e mergulha a sua existência no projeto de salvação do Pai que enviou o Filho e o Espírito Santo. O batismo assinala liturgicamente a conversão existencial ao Deus Trino. “Recitar com fé o Credo é entrar em comunhão com Deus Pai, Filho e Espírito Santo” (197).
A forma dialogal do símbolo batismal é muito significativa. A fé da Igreja é, primeiramente, oferecida a um novo membro. Este por sua vez a faz sua, se apropria dela voluntariamente e por isso entra na comunidade dos que vivem da mesma e única fé. Assim a revelação de Deus atinge o seu objetivo, pois o fiel, com o batismo, recebe a nova vida mediante Jesus Cristo e assim tem acesso ao Pai e ao Espírito Santo.
Caro amigo, cara amiga, hoje iniciamos o caminho quaresmal. Rezemos a profissão de fé com a consciência de receber de Deus, através da Igreja, a Vida nova em Cristo.
Boa e santa Quaresma!
