O Catecismo e a Revelação Divina

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29/08/2013 - 00:00

Caro leitor do Jornal O São Paulo, depois de constatar que o homem busca Deus, o Catecismo introduz o tema da Revelação divina. A ordem desses temas (a busca do homem e a revelação divina) não é casual. A experiência mais autêntica e verdadeira do bem, do amor, da alegria, mesmo as conquistas mais bonitas de liberdade e de criatividade não conseguem satisfazer o coração inquieto do ser humano: ele sempre deseja algo mais, sempre busca e almeja uma felicidade maior, uma realização mais elevada e plena de si mesmo.

Nesse ponto está o mistério de cada um de nós: o ser humano é um buscador do Absoluto. Através de pequenos passos, por meio de resultados incertos e de conquistas parciais, o ser humano busca e deseja o Absoluto. Mas esse objetivo de sua vida ele não o alcança sozinho e pelas suas próprias forças. Ele atinge a realização de seu desejo de Absoluto porque este lhe vem ao encontro. Assim o ser humano constata que sem a iniciativa de um Outro o encontro não seria possível.

É exatamente essa iniciativa do totalmente Outro que vem ao encontro do homem que o Catecismo chama de revelação divina. A Revelação é mais do que comunicação de leis, de preceitos e de informações. O que Deus revela não é algo alheio ao próprio Deus. O objeto e o conteúdo da revelação não é primeiramente um conjunto de ideias e de doutrinas, mas é o próprio Deus: Ele mesmo Se revela.

Assim o sujeito da revelação (Deus) e o objeto da revelação (Deus) coincidem. É aquilo que nós chamamos de autorrevelação divina. A Revelação é a característica peculiar da nossa fé cristã. De fato, o cristianismo não é mera religião formada de ritos, mitos e normas morais, tampouco é religião do livro. O cristianismo vive da experiência histórica da manifestação pessoal de Deus. A revelação é uma atividade pessoal de Deus. Ele empenha seu próprio ser e inclui a si mesmo na revelação. Além disso, a revelação é um gesto de amor no qual Deus se faz próximo do homem e o chama à comunhão consigo.

O Catecismo e a Revelação Divina