O Espírito Santo é presença e ação antes e depois de Pentecostes

A A
19/06/2014 - 00:00

Querido leitor do JORNAL O SÃO PAULO,  no evangelho de João encontramos a seguinte passagem: “Jesus disse em alta voz: Se alguém tem sede, venha a mim e beba, aquele que crê em mim! Conforme a palavra da Escritura: de seu seio jorrarão rios de água viva. Ele falava do Espírito que deviam receber aqueles que tinham crido nele; pois não havia ainda o Espírito, porque Jesus ainda não fora glorificado” (Jo 7,37-39).  Chamo a sua atenção especialmente para esse último versículo que acabamos de ler: “Ele falava do Espírito que deviam receber aqueles que tinham crido nele; pois não havia ainda o Espírito, porque Jesus ainda não fora glorificado”.  Isso quer dizer que  o Espírito Santo não estava presente e ativo antes de Pentecostes? De modo algum! Na Bíblia há várias testemunhos da presença e da ação do Espírito Santo antes de Pentecostes. Então como devemos entender essa afirmação do Evangelho segundo João: “ainda não o Espírito, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado”? Se nós lermos com atenção os textos bíblicos referentes ao Espírito Santo, iremos constatar que há diferenças importantes no modo de presença e de ação do Espírito antes e depois de Pentecostes. Antes de Pentecostes, a presença do Espírito tem como características ser ocasional (de duração limitada) e ocorrer somente em determinadas pessoas; trata-se, portanto, de uma ação pontual do Espírito, semelhante àquela que se deu nos profetas (cf. 1Pd 1,11). A citação do profeta Joel no discurso de Pedro no dia de Pentecostes (Cf. At 2,17ss; Jl 3,1-5), porém, revela a convicção de que, com a ressurreição e ascensão do Senhor, chegou o momento previsto da efusão universal do Espírito (sem limites nem fronteiras) como um dom escatológico e estável que impele a Igreja para a evangelização e lhe dá alegria do louvor a Deus (cf. At 2,4.11). É nesse sentido que “não havia ainda o Espírito”. Não se trata, portanto, de ausência, mas de uma nova forma de presença e de ação do Espírito Santo que se dá somente depois da glorificação de Jesus. A glorificação de Jesus é importante também para que o Espírito Santo seja revelado plenamente como Espírito do Pai e do Filho.  A fé apostólica relativamente ao Espírito foi confessada pelo segundo concilio ecumênico, reunido em Constantinopla em 381: «Nós acreditamos no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai». A Igreja reconhece assim o Pai como «a fonte e a origem de toda a Divindade». Mas a origem eterna do Espírito Santo não está desligada da do Filho: «O Espírito Santo, que é a terceira pessoa da Trindade, é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho, da mesma substância e também da mesma natureza... Contudo, não dizemos que Ele é somente o Espírito do Pai, mas, ao mesmo tempo, o Espírito do Pai e do Filho». O Credo do Concílio de Constantinopla da Igreja confessa que Ele, «com o Pai e o Filho, é adorado e glorificado».



Artigo publicado no Jornal O São Paulo

O Espírito Santo é presença e ação antes e depois de Pentecostes