O que os padres vivenciam como ministros, devem desejar como penitentes

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16/04/2014 - 00:00

Querido Leitor do Jornal O São Paulo, nos dias de hoje é preciso reconhecer as dificuldades atuais no exercício do ministério da penitência. Creio que as dificuldades são conhecidas: uma certa perda do sentido do pecado, certa antipatia para com este sacramento, uma presumida falta de utilidade no confessar-se (muitos acham que se não se está em pecado grave não é preciso se preocupar), enfim o cansaço espiritual dos ministros, ocupados com tantas atividades. Mas a confissão é sempre um renascimento espiritual que transforma o penitente em uma nova criatura e estreita sempre mais sua amizade com Cristo. Através desse serviço humilde, árduo, paciente e alegre das confissões, o clero tem a oportunidade de constatar que a Igreja não somente anuncia a conversão e o perdão, mas ela é real e misteriosamente o sinal portador da reconciliação com Deus e com os irmãos. A misericórdia de Deus, o seu perdão, a reconciliação e a paz de Deus não é somente uma ideia bonita, uma teoria consoladora. A misericórdia de Deus é realidade e mistério na vida dos cristãos. E tal realidade misteriosa se torna palpável, concreta, atuante e sacramental através da ação eclesial (da ação dos ministros ordenados) de perdoar e de absolver os pecados e o Senhor Jesus continua pronunciando suas palavras de perdão através das palavras (Eu te absolvo).

Os gestos e as palavras do ministro são um meio para que se realize um verdadeiro milagre da graça, ao ouvir as confissões mais uma vez o sacerdote é confrontado com a eficácia da ação de Deus no coração dos penitentes. Quando se toma consciência da eficácia da ação de Deus, os fieis são encorajados a se aproximarem do sacramento da penitência. A ação do ministro é ação de Deus em favor dos fiéis: o sacerdote cumpre o ministério de bom pastor, que busca a ovelha perdida; do bom samaritano, que cura as feridas; do Pai, que espera o filho pródigo e o acolhe ao voltar; do justo juiz, que não faz acepção de pessoas e cujo julgamento é justo e misericordioso ao mesmo tempo. Em suma, o sacerdote é o sinal e o instrumento do amor misericordioso de Deus para com o pecador. Pelo fato de agir em nome de Cristo bom pastor, o ministro sente a urgência de conhecer e discernir as doenças espirituais e de fazer-se próximo do penitente, de ser fiel ao ensinamento do magistério sobre a moral e a perfeição cristã, de viver uma autêntica vida de oração, de adotar uma postura prudente na escuta e nas perguntas, de ser disponível a quem pede o sacramento oportunamente e de seguir as moções do Espírito Santo. O que os padres vivenciam como ministros, devem desejar ardentemente para si na qualidade de penitentes. Desejar que o perdão do Pai possa curar através do encontro pessoal com Cristo bom pastor. Por isso os ministros deste sacramento também experimentam esta graça no encontro sacramental da Penitência, pela confissão tornam-se ainda mais disponíveis em oferecer este serviço humilde, árduo, paciente e alegre a todos os fiéis.

 

Artigo Publicado no Jornal O São Paulo - 15/04/2014

O que os padres vivenciam como ministros, devem desejar como penitentes