Pelo Batismo, o cristão é sacramentalmente assimilado a Jesus

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22/01/2014 - 00:00

Caro leitor do Jornal O São Paulo, o batismo de Jesus no Jordão levanta espontaneamente uma pergunta: pode o Filho de Deus se submeter a um rito de purificação? Como é possível que Aquele que veio salvar o povo do pecado possa descer às águas junto com a multidão dos pecadores? Pode Jesus confessar os pecados?

Essas questões não são meramente teóricas: refletem de algum modo o que o próprio João Batista pessoalmente exprime a Jesus: “sou eu que devo ser batizado por ti e és tu que vens até mim”.

A resposta de Jesus dá a chave do Seu gesto e do significado do acontecimento: “Deixa estar por enquanto, pois assim nos convém cumprir toda a justiça” (Mt 3,15).

Jesus se faz batizar em solidariedade aos pecadores. Ele se apresenta humilde, como servo que se confunde com a massa dos pecadores, mas que tem com o Pai uma relação particularíssima. No batismo Jesus carrega sobre si o peso da culpa de toda humanidade para mergulhá-la nas águas do Jordão. Ele começa a sua vida pública tomando o lugar dos pecadores. Ao fazer assim antecipa a sua Cruz na qual se cumprirá toda a justiça.

A “justiça cumprida” será assim revelada não mais como aplicação fria da lei e imposição de penas, mas como a vitória definitiva sobre o mal. A voz do céu “este é o meu Filho amado” é já um anúncio da ressurreição. 

No batismo, Jesus revela que é o servo que assume sobre si os pecados do povo. Ele é o Filho que vive o seu ser filial ao dar a vida. A justiça que Ele comunica é a libertação definitiva do poder do maligno; o Seu batismo é o início dessa libertação, e a Páscoa será o seu cumprimento.

O Catecismo da igreja Católica sintetiza os principais conteúdos do “mistério de fé” do batismo do Senhor principalmente nos parágrafos 535 e 536. O parágrafo 537 nos diz com toda a clareza que pelo Batismo, o cristão é sacramentalmente assimilado a Jesus, que antecipa em seu Batismo a sua Morte e a sua Ressurreição; deve entrar neste mistério de rebaixamento humilde e de arrependimento, descer à água com Jesus para subir novamente com ele, renascer da água e do Espírito para tornar-se, no Filho, filho bem-amado do Pai e “viver em uma vida nova” (Rm 6,4). Papa Francisco no Angelus do dia 12 de janeiro afirmou que: com o seu Batismo, Jesus recebeu a aprovação do Pai celeste, que o enviou para compartilhar da nossa condição humana, da nossa pobreza. Compartilhar é o verdadeiro modo de amar! Jesus não se dissocia de nós, mas nos considera irmãos, partilha da nossa vida e nos torna filhos de Deus Pai. Eis a revelação e a fonte do verdadeiro amor.


Matéria publicada no Jornal O São Paulo desta Semana.

Pelo Batismo, o cristão é sacramentalmente assimilado a Jesus