Rezar o “Creio” é uma forma de nos encontrar com Jesus Cristo

A A
28/05/2014 - 00:00

Querido leitor do JORNAL O SÃO PAULO, todos os domingos, quando vamos a missa, rezamos juntos a profissão de fé, ou seja, a oração do “credo”, o símbolo da fé. Qual é o significado da oração do “Credo”? Qual é a importância disso para a vida cristã?

A oração do “creio” é muito antiga. Por isso podemos também nos perguntar: Uma vez que os símbolos de fé são tão antigos, não estariam eles ultrapassados e desatualizados e, por isso, não deveriam ser abandonados?

Outra pergunta que podemos fazer é quanto a necessidade de rezá-los para garantir que todos os fiéis tenham a mesma fé. Afinal de contas, não bastam os evangelhos para garantir a comunhão na mesma fé? Será que os símbolos de fé não seriam mera elaboração teórica e abstrata sobreposta às Sagradas Escrituras?

No parágrafo 186 do Catecismo da Igreja Católica encontramos uma citação de São Cirilo de Jerusalém, um padre da Igreja do século IV. Referindo-se à fórmula da profissão de fé, Cirilo de Jerusalém, explica:

Esta síntese da fé não foi feita segundo as opiniões humanas, mas se recolheu de toda a Escritura o que nela há de mais importante, para apresentar na íntegra aquilo e só aquilo que a fé ensina. E, tal como a semente de mostarda contém, num pequeno grão, numerosos ramos, do mesmo modo este resumo da fé encerra em algumas palavras todo o conhecimento da verdadeira piedade contido no Antigo e no Novo Testamento (São Cirilo de Jerusalém, Catechese illuminandorum 5,12.

São Cirilo define o Símbolo de fé como síntese. A oração do “Creio” é uma composição que sintetiza de maneira orgânica e articulada o essencial da fé da Igreja.

O conteúdo dessa elaboração resumida da fé, no entanto, não é fruto de opiniões humanas; não é uma invenção que se sobreponha à Escritura a ao Evangelho de Jesus Cristo.

Todo o conteúdo do Símbolo da fé é tirado da Escritura. O Símbolo da fé diz em pouquíssimas palavras tudo e só aquilo que está na Bíblia. É como o grão de mostarda, que mesmo pequeno contém dentro de si uma grande planta.

Se você ler o Novo Testamento com atenção, notará que essa prática de exprimir em fórmulas brevíssimas o conjunto total da fé tem suas raízes na própria Bíblia. Exemplos de proclamações sintéticas são: “Jesus é Senhor” (1Cor 12,3). “Jesus é o Filho de Deus” (1Jo 4,15). “Se tu confessares com a tua boca Jesus como Senhor e creres com o coração que Deus o ressuscitou da morte, serás salvo” (Rm 10,9).

Muito cedo, porém, surgiram outras composições mais longas e mais apropriadas para a recitação frequente. Não são fórmulas mágicas nem talismãs, pois pressupõem a colaboração humana que se realiza nos atos de “receber” reverentemente da Igreja e de transmitir fielmente aos outros.

Rezar o “Creio” é uma forma de nos encontrar com Jesus Cristo e de meditar no coração as maravilhas que Deus realizou em nossa salvação. Rezar o “creio” é uma prática que a Igreja nos propõe para que possamos viver o mistério da fé, para que sejamos continuamente iniciados na vida cristã.

 

Matéria publicada no Jornal O São Paulo

Rezar o “Creio” é uma forma de nos encontrar com Jesus Cristo