Apóstolo Moderno

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13/10/2016 - 16:15

Ouvimos no domingo a parábola dos Talentos. Vamos aplicá-la aos estudantes, que estão na reta final do ano e na época de exames.

Os dois primeiros empregados puseram em jogo os talentos recebidos e duplicaram seu valor. Por isso, cada um deles ouviu dos lábios do Senhor estas palavras: “Muito bem, servo bom e fiel; porque foste fiel no pouco, eu te constituirei sobre o muito: entra na alegria do teu Senhor”.

O terceiro empregado teve medo de perdê-lo e enterrou seu talento, não o negociou: perdeu o tempo e não tirou nenhum proveito. Não acrescentou nada. Ocupou-se, talvez, em muitas coisas, mas não realizou aquilo que foi recomendado, não cumpriu sua missão, seu dever.

No entanto, a recomendação estava muito clara: negociar, desenvolver, fazer crescer.

Deus distribui o talento da inteligência de modo diferente a cada estudante. Por isso, o empenho no estudo depende das circunstâncias pessoais e da dificuldade das matérias que deve cursar.

Para o estudante, render o talento significa estudar com sentido profissional, aprofundar-se nas leituras, prestar atenção nas aulas, aproveitar as horas de estudo, sem se deixar se contagiar pela ociosidade.

É a atitude do terceiro, chamado servo mau e preguiçoso: os outros estão trabalhando, com o tempo todo tomado, arriscando aquilo que receberam; mas ele perde seu tempo.

Hoje, ele é o aluno que gira dentro de casa: dorme demais, perde o tempo na internet, no som, no sofá. Que pena!

A primeira condição para render os talentos é vencer a preguiça e o comodismo.

Fazer render os talentos também significa aceitar novos desafios. Lançar-se sem medo.

Lembre-se da primeira vez que fez uma prova de admissão numa escola.

Lembre-se da primeira apresentação de trabalho que fez diante da turma.

O mesmo acontece na prova do Enem, no vestibular, na dissertação de mestrado, etc.

Tudo na vida tem uma primeira vez.

Quais são as qualidades do bom estudante?

Em primeiro lugar, responsabilidade. Ele assume e resolve seus problemas. Dá conta das suas tarefas. Pede ajuda quando necessário, mas assume suas próprias responsabilidades.

É responsável o aluno que tem um horário definido para o estudo. Sabe quando vai estudar, o que deve estudar, e da maneira que precisa estudar.

Depois, a constância, que é o segredo do sucesso em qualquer atividade humana. Dizia o grande músico Liszt, que se passasse um só dia sem tocar piano, ele o notava. Se passasse dois dias, sua esposa percebia; se passasse três... o público reparava.

Aquele estudante que – mesmo com menos talento e inteligência que seus colegas – sabe vencer a preguiça e trabalha com constância, acaba triunfando.

Em terceiro lugar, intensidade. Um aluno que estuda de verdade, que se empenha seriamente, acaba ganhando uma enorme segurança, acumula conhecimentos, assimila o conteúdo das matérias.

Mas podemos dar um passo a mais.

São Josemaría, pioneiro da promoção da santidade dos leigos, faz uma afirmação surpreendente em seu pequeno e famoso livro “Caminho”:

“Para um apóstolo moderno, uma hora de estudo é uma hora de oração. ”

Se tivermos a consciência de que Deus está junto de nós continuamente, realizaremos com a maior perfeição o nosso trabalho e do estudo, e assim o converteremos em oração.

Como? Ao iniciar a nossa tarefa, podemos elevar o coração a Deus, oferecendo-lhe esse estudo, essa leitura. E depois, devemos realizá-lo da melhor maneira possível.

Assim, teremos transformado esse tempo de estudo em oração grata a Deus.

Assim também aconteceu com os empregados que fizeram render seus talentos: receberam um prêmio. Entra na alegria do teu Senhor.

Dom Carlos Lema Garcia

Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade