Papa Francisco participará das comemorações do aniversário da Reforma

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Evento será promovido pelo Pontifício Conselho para a promoção da Unidade dos Cristãos e FLM
Publicado em: 26/01/2016 - 13:00
Créditos: Redação, com CNBB

A Sala de Imprensa da Santa Sé informou, nesta segunda-feira, dia 25 de janeiro, que o Papa Francisco tem a intenção de participar da cerimônia conjunta entre a Igreja Católica e a Federação Luterana Mundial. O evento recordará os 500 anos da Reforma Protestante e acontecerá em Lund, na Suécia, no dia 31 de outubro deste ano.

O 500º aniversário da Reforma de Lutero acontece em 2017. A celebração, que contará com a presença do Papa Francisco e dos representantes da Federação Luterana, o bispo Munib A. Younan e o reverendo Martin Junge, será ocasião, de acordo com o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, que “ressaltará os sólidos progressos ecumênicos entre católicos e luteranos e os dons recíprocos surgidos do diálogo”. 

O evento fará parte de uma celebração comum, baseada no guia litúrgico católico-luterano “Common Prayer” (Oração Comum), recentemente publicado.

“A Federação Luterana Mundial está se preparando para comemorar o aniversário da Reforma com um espírito de responsabilidade ecumênica”, disse o secretário geral da entidade, reverendo Martin Junge. Para ele, o trabalho pela reconciliação entre luteranos e católicos é uma ação pela justiça, pela paz e pela reconciliação em um mundo desgarrado por conflitos e pela violência.

“Com foco na centralidade da questão de Deus e uma perspectiva cristã, luteranos e católicos podem celebrar uma comemoração ecumênica da reforma, e não meramente pragmática, mas com um profundo sentimento de fé em Cristo crucificado e ressuscitado”, acrescentou o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, cardeal Kurt Koch.

Do conflito à comunhão

De acordo com a Santa Sé, o evento que acontecerá em Lund faz parte do processo de recepção do documento de estudos “Do conflito à comunhão”, publicado em 2013 pela Comissão Católico-Luterana e disponível nas Edições CNBB. O texto tem sido distribuído nas comunidades das duas confissões religiosas. “O documento é a primeira tentativa por ambas as partes para descrever juntos internacionalmente história da Reforma e suas intenções”, descreve o Vaticano.

O texto “Do conflito à comunhão” será objeto de estudos durante o Simpósio “Frutos e Compromissos Ecumênicos Atuais”, que acontece no final desta semana, de 29 a 31 de janeiro, no Centro de Formação Sagrada Família, em São Paulo (SP).

A oração comum preparada para o evento em Lund também foi enviada para as igrejas membro da Federação Luterana e às Conferências Episcopais Católicas, a fim de ajuda-las a comemorar juntas o aniversário da Reforma. A prece apresenta os temas de ação de graças, arrependimento e do compromisso de testemunho comum, visando “expressar os dons da Reforma e pedir perdão pelas divisões que seguiram às disputas teológicas”.

Doutrina da Justificação

Em 2017 também será lembrando o aniversário de 50 anos do diálogo internacional luterano-católico. Para a Santa Sé, tal movimento tem dado “importantes resultados ecumênicos”. O mais significativo para a Igreja é a Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação (DCDJ), firmada pela Federação Luterana Mundial e pela Igreja Católica, em 1999. O ato foi acolhido pelo Conselho Metodista Mundial, em 2006. A Declaração anulou as disputas centenárias entre católicos e luteranos sobre as verdades fundamentais da Doutrina da Justificação, que estava o centro da Reforma no século XVI.

Semana de Unidade dos Cristãos

Durante celebração das Vésperas pela Solenidade da Conversão de São Paulo, nesta segunda-feira, dia 25, o Papa Francisco encerrou a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. 

Em sua homilia, Francisco disse que “todos nós que acreditamos em Cristo somos ‘chamados a proclamar as obras maravilhosas de Deus’ (cfr 1 Pt 2,9). Acima das diferenças que ainda nos separam, reconhecemos com alegria que na origem da vida cristã existe sempre um chamado cujo autor é o próprio Deus”, lembrando a liturgia que recorda a conversão de São Paulo.

Ressaltando a unidade dos cristãos, Francisco recordou a proposta do Ano da Misericórdia. Para ele, os fiéis devem ter presente “que não pode existir uma autêntica busca da unidade dos cristãos, sem uma plena entrega à misericórdia de Deus” - e propôs - “Peçamos, antes de tudo, perdão pelo pecado das nossas divisões, que são uma ferida aberta no Corpo de Cristo. Como Bispo de Roma e Pastor da Igreja Católica, quero invocar misericórdia e perdão pelos comportamentos não evangélicos tidos por parte dos católicos em relação aos cristãos de outras Igrejas. Ao mesmo tempo, convido todos os irmãos e as irmãs católicos a perdoar se, hoje ou no passado, sofreram ofensas de outros cristãos”, pediu o papa

“Não podemos apagar aquilo que aconteceu, mas não queremos permitir que o peso das culpas passadas continue a macular nas nossas relações. A misericórdia de Deus renovará as nossas relações”, afirmou Francisco.