Chamaste-me para...??

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12/08/2014 - 00:00
Dom Sergio Borges fala da vocação de cada pessoa dentro do projeto de amor do Pai para cada um

 

Fala-se muito sobre o sentido da vida; o porquê se está no mundo e para que se vive neste determinado espaço de tempo.  Porém, as propostas de uma vida com sentido, em sua maioria, são insuficientes e irreais, porque são propostas imediatistas, fechadas à transcendência, fechadas para Deus, e, por isso, não conseguem preencher o coração dos jovens, colocados neste mundo por um ato do amor eletivo de Deus. 

As consequências na vida daqueles que seguem essas propostas são evidentes em todos os ambientes: encontramos “jovens, embora inteligentes e bem dotados, nos quais parece apagada a vontade de viver, de acreditar em alguma coisa, de tender para grandes objetivos, de esperar num mundo que, graças a seus esforços, pode se tornar melhor. São jovens que parecem sentir-se ‘supérfluos’ no jogo ou no drama da vida, quase demissionários em relação a ela, meio perdidos ao longo de caminhos interrompidos, e reduzidos aos níveis mínimos da tensão vital. Sem vocação, mas também sem futuro, ou com um futuro que, no máximo, será uma fotocópia do presente” (Cf. POVE, 11).

Qualquer proposta sobre o sentido da vida sem a abertura ao transcendente, sem Deus, sem o sentido do chamado tende para o vazio, para a insatisfação, para a agonia, porque o homem e a mulher não foram feitos para o mínimo da tensão vital, para uma vida sem futuro. Deus, em seu plano de amor, criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança, para uma vida plena de sentido, onde poderão exercitar e viver ao máximo a sua tensão vital.

Padre Zezinho, em uma de suas músicas, apresenta o princípio fundamental de qualquer projeto de vida com sentido - Me chamaste para caminhar na vida contigo.... – que é à consciência vocacional, e esta é natural a todo homem e mulher.

Daqui deve partir o caminho da evangelização, do primeiro anúncio – o querigma - para evangelizar a vida e o significado da vida, a exigência de liberdade e de subjetividade, o sentido da própria presença no mundo e do relacionamento com os outros.

Caso falte esta dimensão não haverá evangelização que abra as portas do coração dos jovens à beleza do Evangelho, notícia perenemente boa, rica de vida e sentido, como anúncio capaz de responder às suas expectativas e de iluminar seu horizonte e abrir seu futuro.

Cabe à comunidade de fé, comunidade profética, espaço de vida, a missão de testemunhar que existe uma vocação específica para cada pessoa, existe um sentido para a existência e a vida, um projeto de amor do Pai para cada um.

 

Dom Sergio de Deus Borges
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo na Região Santana