O direito de proteger as crianças

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22/07/2014 - 00:00
Dom Sergio Borges fala da Internet e do seu uso adequado

 

‘As crianças representam a "coroa do matrimônio", a verdadeira riqueza da humanidade. O lugar natural para a sua educação é a família. É aqui, na comunidade de vida e de amor, que elas são formadas como membros da Igreja de Cristo. É aqui que, honrando e amando os seus pais, elas podem enriquecer a vida de todos os membros da família mais alargada’ (Pontifício Conselho da Família, Encontro de Manila).

Porém, a família não é a única e exclusiva educadora das crianças. Conforme vão crescendo, precisam interagir, devem estudar, abrir novos horizontes e conhecer a comunidade mais ampla da sociedade organizada e, assim, entram em contato com uma grande avalanche de conteúdos, informação e valores.

Papel predominante nesta interação com o mundo é exercido pelos meios de comunicação, principalmente a internet.  Esta forma de comunicação apresenta muitos benefícios: as famílias podem permanecer em contacto apesar de separadas por enormes distâncias, os estudantes têm um acesso mais fácil e imediato a bibliotecas digitais e, pela sua natureza interativa, facilita formas mais dinâmicas de aprendizagem e comunicação que contribuem para o desenvolvimento pessoal e comunitário.

A internet, como disse o Papa Francisco, é uma benção, mas pode se tornar também um buraco sem saída, pela utilização imprópria e quando ela se introduz no seio da vida familiar e debilita os direitos e os deveres dos próprios pais, quando o desejo de ligação virtual se torna obsessivo e tem, por consequência, o isolamento, interrompendo a interação social real. Isto acaba por perturbar também as formas de repouso, de silêncio e de reflexão necessárias para um correto desenvolvimento humano.

Precisamos proteger as crianças do uso inadequado destes meios para evitar riscos à sua formação e à própria família.  Simplesmente proibir a utilização destes meios não educa, pois reprime potencialidades. A melhor forma de proteger é ensinar a usar adequadamente, com regras claras de utilização, acompanhamento sobre os conteúdos e sites frequentados e tempo em que a criança e o adolescente permanecem conectados. 

Por último, devem os pais incentivar as crianças a utilizar as novas redes digitais que cultivam os mesmos valores cultivados no lar e que procuram promover a solidariedade humana, a paz e a justiça, a família, a fé e o respeito pela vida e o bem da criação.

 

Dom Sergio de Deus Borges
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo na Região Santana