Um pequeno sinal

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13/05/2016 - 13:15

Com estas palavras, o Beato Paulo VI iniciava a Exortação Apostólica consagrada ao culto da Virgem Maria, Mãe da Igreja e modelo de todas a virtudes: “O ‘sinal grandioso’ que o Apóstolo São João viu no Céu: ‘uma Mulher revestida com o sol’ (cf. Ap 12,1), não sem fundamento o interpreta a Sagrada Liturgia como referindo-se à Santíssima Virgem Maria, Mãe de todos os homens pela graça de Cristo Redentor” (Paulo VI. Exortação Signum Magnum).

Signum Magnum. Um grande sinal apareceu no céu e um pequeno sinal três pescadores encontraram e viram nas águas do rio Paraíba do Sul, no ano de 1717, ao recolherem na rede de pesca o corpo de uma imagem quebrada na altura do pescoço. Num segundo lance de rede, pescaram a cabeça da mesma imagem. Juntando as duas partes, viu-se que se tratava da Senhora da Conceição. Depois do encontro da imagem, outros sinais viram aqueles três pescadores, a começar pela pesca abundante. E as graças, como a torrente do rio, nunca mais pararam.

O que era um pequeno sinal tornou-se, pelo poder de Deus, um grande sinal de fé, de presença do Senhor, de bênçãos e de encontro entre o céu e a terra, pois por meio da pequena imagem de Nossa Senhora, graças abundantes foram derramadas sobre todos os fiéis que passaram por Aparecida e que em todo o imenso Brasil recorrem à sua proteção.

Recorrer à Mãe de Deus e Mãe da Igreja é uma atitude de maturidade na fé, de quem conhece a Palavra de Deus e o caminho da Igreja nestes dois mil anos, porque a Virgem Maria coopera ativamente no crescimento dos membros da Igreja na vida da graça. O Beato Paulo VI nos diz que a Virgem Maria coopera, “em primeiro lugar, mediante a sua incessante súplica, inspirada por uma ardente caridade. A Virgem Santa, embora feliz pela visão da augusta Trindade, não esquece os seus filhos que caminham como Ela outrora na ‘peregrinação da fé’ (LG 58). Contemplando-os em Deus e vendo bem as suas necessidades, em comunhão com Jesus Cristo que está ‘sempre vivo a interceder por eles’ (Hb 7,25), deles se constitui Advogada, Auxiliadora, Amparo e Medianeira (cfr. LG 62)” (Paulo VI. Exortação Signum Magnum, 2).

O sinal grandioso da fé percorre, agora, por meio da pequena imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida, todas as dioceses do Brasil para celebrar os 300 anos de bênçãos e graças concedidas pela intercessão da Mãe Aparecida. Em nossa Arquidiocese, a imagem peregrina está percorrendo as paróquias e comunidades, fortalecendo nossa fé, nossa alegria como membros da Igreja, peregrinos que acolhem Aquela que fez uma excepcional peregrinação da fé e representa um ponto de referência constante para a Igreja (cf. EG 287).

Essa peregrinação está em profunda unidade com a celebração do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, porque a Virgem Maria é a Mãe da Misericórdia, e a peregrinação da imagem é um convite muito especial a todos nós para refugiarmo-nos sob o manto da Mãe da Misericórdia. Com os olhos da alma, vamos fixar o olhar na Mãe Aparecida para encontrar na profundidade deste sinal a Misericórdia viva de Deus que se compadece de cada um de nós.

Que a Virgem Maria, grande sinal que apareceu no céu, brilhe sempre qual estrela no nosso caminho de peregrinos, de discípulos-missionários de seu amado Filho. Vamos fixar n’Ela o olhar para que nos ajude a ser um pequeno “sinal”, a anunciar a todos a mensagem da salvação, para que assim, nos tornemos anunciadores da alegria do Evangelho vivente, Jesus Cristo, o Senhor, porque sempre que olhamos para a Mãe e Rainha do Brasil, voltamos a acreditar na força revolucionária da fé, da Palavra, da ternura e do afeto (cf. EG 288).

Dom Sergio de Deus Borges

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana

Artigo publicado no Jornal O SÃO PAULO - Ed. 3101/ 13 a 17 de maio de 2016