Tráfico humano e catequese

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<p>A Campanha está ligada totalmente e desafiadora a catequese&nbsp;</p>
Publicado em: 21/02/2014 - 13:00
Créditos: Jornal Missão Jovem (Ano XXVII - Nº 297)

A Campanha da Fraternidade deste ano desafia diretamente a catequese. O tráfico humano é uma ferida na sociedade em que estão envolvidos mais de 20 milhões de pessoas, incluindo mulheres, adolescentes e crianças. É uma realidade que atinge todas as camadas sociais, mas, em especial, os pobres e desvalidos. Qual o lugar na catequese dos pobres, dos portadores de deficiência e vítimas de estupro, de violência familiar?

1. A proposta da campanha da fraternidade
Igreja Católica está atenta às diversas realidades em que vivem os seres humanos. No rosto de cada sofredor os cristãos são chamados a ver o rosto de Jesus. Neste ano, a Igreja nos convida para olhar uma realidade dos porões do mundo: O tráfico humano, o trabalho escravo, o tráfico de pessoas. São os pobres, as frágeis que são vítimas de um sistema que exclui multidões e os joga na pobreza. Geralmente esta realidade atinge mulheres, meninas, adolescentes e crianças. É um crime que clama contra Deus e contra a sociedade. A Igreja não pode se calar diante desta realidade: comercializar crianças para extrair órgãos, comercializar meninas para a exploração sexual, explorar homens e mulheres para o trabalho escravo nas grandes fazendas, explorar homens e mulheres para trabalhos degradantes.
Como está esta realidade na sua comunidade?

2. O ensino da igreja
“Não explore um assalariado pobre e necessitado, seja um de seus irmãos ou estrangeiros que vive em sua terra, em sua cidade” (Dt 24,14). Essa já era a consciência do Povo de Deus na travessia do deserto. Jesus Cristo revelou nova visão de pessoa: todos são filhos e filhas amados de Deus e irmãos uns dos outros. E no rosto de cada irmão se reflete o rosto de Jesus. Das pessoas enfraquecidas e indefesas Deus tem um cuidado especial.

O Diretório Nacional de Cate quese (n.290) ensina: “A catequese irá ao encontro dos marginalizados (pessoas prostituídas, presos, soropositivos, dependentes tóxicos, sem-terra e outros) e dos mais pobres, consciente de que o bem que se faz aos irmãos mais pequeninos se faz a Jesus. À luz da Palavra de Deus, compromete-se de maneira preferencial pelos marginalizados e sofredores. Por isso, cabe à catequese: Levar os catequizandos ao estudo e reflexão crítica sobre as causas e o processo de empobrecimento e incentivar catequistas e catequizandos para a solidariedade e a justiça.

O Documento de Aparecida (402) aponta para “Fixar nosso olhar nos rostos dos novos excluídos: os migrantes, as vitimas da violência, os deslocados e refugiados, as vítimas do tráfico de pessoas e sequestros, os desaparecidos, os enfermos de HIV e de enfermidades endêmicas, os toxicodependentes, idosos, meninos e meninas que são vítimas da prostituição, pornografia e violência ou do trabalho infantil, mulheres maltratadas, vítimas da exclusão e do tráfico para a exploração sexual...”

3. A missão da catequese
A iniciação à vida cristã ajuda os catequizandos a fazerem a experiência do encontro com Jesus Cristo, com a comunidade e com os sofridos. O tráfico, a exploração sexual de menores, a venda, a compra de pessoas e o trabalho escravo são um núcleo da catequese. Neste ano, na formação de catequistas, nos encontros, nos momentos de catequese, este tema deve ser objeto de reflexão, de análise da realidade e de conversão.
Você conhece algumas destas realidades em sua paróquia?
O que está sendo feito?

Dom Juventino Kestering
Bispo de Rondonópolis - MT