A Assembleia da CNBB, realizada em Aparecida, nos dias 18 a 26 de abril deste ano de 2012, foi marcada pela comemoração de importantes acontecimentos: os 60 anos de criação da Conferência, as 50 Assembleias, os 50 anos da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II. Testemunhos fortes de pessoas e a leitura do significado desses fatos marcaram profundamente a memória celebrada na Assembleia, sempre com o olhar voltado para o futuro da Igreja.
O tema central da Assembleia foi aprovado por unanimidade pelos Bispos, e resultou num documento que recebeu o título de Discípulos e Servidores da Palavra de Deus na Missão da Igreja. O desejo da Assembleia foi o de responder ao Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja (2008), e à Exortação Apostólica Verbum Domini (2010), do Papa Bento XVI. Quer ser um estímulo para a recepção do Sínodo e da Verbum Domini, com indicações para o seu aprofundamento e atuação: “Desejamos ser capazes de redescobrir, na Palavra de Deus, a fonte de nossa constante renovação e o coração de toda a ação evangelizadora, na esperança de que ‘cada um dos nossos dias seja plasmado pelo encontro renovado com Cristo, Verbo do Pai feito carne’” (n. 10).
As questões atuais da realidade brasileira que mais desafiam a missão da Igreja foram tratadas com a devida atenção, sendo objeto de reflexão, em vista de um posicionamento comum a respeito das mesmas, com emissão de notas específicas para algumas delas. Foram assim tratadas: a questão agrária - que será objeto de um documento da CNBB -; a defesa dos territórios e dos direitos dos povos indígenas, quilombolas, pescadores artesanais e demais populações tradicionais; as eleições municipais de 2012; a reforma do código penal brasileiro; a decisão do STF a respeito da descriminalização do aborto de fetos anencefálicos.
Outras questões eclesiais também receberam a devida atenção da Assembleía, entre as quais se destacam: a programação das iniciativas da comemoração dos 50 anos do Concílio Ecumênino Vaticano II; os desdobramentos e aplicação do Acordo Brasil-Santa Sé; a análise da pesquisa da FGV e IBGE sobre o Mapa das religiões no Brasil; o próximo Sínodo sobre a Nova Evangelização; o Ano da Fé e os 20 anos do Catecismo da Igreja Católica. Notícias e detalhes desses assuntos e outros podem ser encontrados no site na CNBB. Os relatórios das 14 Comissões Episcopais Pastorais demonstraram mais uma vez a amplitude do âmbito de atuação da CNBB e o seu dinamismo atual.
A comunhão fraterna vivida pelas Igrejas no Brasil foi marcada também por uma decisão importante departilha solidária. Cada Diocese colocará em comum 1% de sua receita ordinária para a ajudar às Dioceses mais pobres na formação de seminaristas. Continua de pé e deve ser incrementado o projeto “Igrejas Irmãs na Amazônia”.
Finalmente, a Assembléia tratou da Jornada Mundial da Juventude, em julho de 2013, no Rio de Janeiro, e da Semana Missionária que a antecede nas Dioceses. Tudo está sendo pensado para que seja um momento forte de evangelização da juventude, e deixe um “legado pastoral, social e ecológico”. A CNBB está disponibilizando orientações e notícias em seu site, na seção da Comissão Pastoral da Juventude (www.cnbb.org.br/site/comissoes-episcopais/juventude ), e enviará subsídios preparatórios para as Dioceses, em especial para a Semana Missionária. A Arquidiocese do Rio de Janeiro, através do site oficial da JMJ, oferece todas as informações a respeito da mesma, como também das inscrições que se iniciarão no próximo mês de julho (www.rio2013.com).
Vivenciamos na Assembleia um clima de grande fraternidade e comunhão, sentindo fortemente a presença da Mãe da Igreja, a Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, como as primeiras comunidades cristãs que recordávamos na liturgia pascal destes dias. A proximidade do povo que acorria todos os dias ao Santuário de Aparecida fazia-nos sentir ainda mais Igreja peregrina. A experiência nos confirmou na fé, dando-nos novo impulso e muito ânimo para a missão evangelizadora do Igreja no Brasil.
Dom Tarcísio Scaramussa, SDB
Bispo Auxiliar de São Paulo
e Vigário Episcopal da Região Sé