A paróquia renovada, fermento no território - Dom Tarcísio Scaramussa

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10/12/2010 - 00:00

A esclerose é uma doença lenta e progressiva do sistema nervoso central. As substâncias que envolvem os nervos vão perdendo consistência e começam a aparecer problemas de vista, de fala, de movimento, de equilíbrio, de força. Provoca uma situação de fraqueza geral. A evolução da doença é imprevisível, às vezes é lenta e outras bem rápida, provocando a incapacitação progressiva e permanente.

Assim como acontece nos organismos vivos, a Paróquia também corre o risco de esclerosar-se pastoralmente, e os sintomas da doença se manifestam na falta de visão das necessidades pastorais, na acomodação e no fechamento sobre si mesma, na perda do dinamismo e da capacidade de relação com o território, na perda, enfim, da força da missão, sua principal razão de ser.

A renovação das paróquias é o grande empenho pastoral para o próximo ano, indicado pelas Assembléias Arquidiocesana e Regional, na linha do 10º Plano  Pastoral, que coloca a renovação das estruturas eclesiais a serviço da missão. ”A Igreja só cumprirá sua missão se o eixo organizador de todas as ações pastorais for o espírito missionário. Por isso, uma firme “decisão missionária” deve impregnar e impulsionar as paróquias, comunidades, movimentos, associações, pastorais, enfim, toda a vida da Arquidiocese. Cada comunidade deverá descobrir como ser mais missionária no lugar onde está situada”.

O Plano indica o paradigma das primeiras comunidades da Igreja para a transformação de uma pastoral de manutenção em uma pastoral decididamente missionária. Para que isso aconteça, é necessário recuperar a força da missão de Jesus. Os Atos dos Apóstolos nos transmitem essa força pelo caminhar da Palavra, pela fundação de novas comunidades e pelo ardor dos primeiros discípulos, que enfrentavam todos os obstáculos da missão. Esta força foi gerada pelo contato íntimo dos discípulos com Jesus”.

A Paróquia é um dos sujeitos da ação evangelizadora. Ela é entendida não apenas como um grupo de pessoas que se reúnem em determinado lugar, mas como uma comunidade de comunidades e grupos, espaço de fé e vida, vivência fraterna e solidária. “A paróquia é o centro irradiador da Palavra de Deus. É necessário anunciar o que Jesus Cristo “fez e ensinou” (At 1,1), pois ela “é chamada a ser o espaço onde se recebe e se acolhe a Palavra. Ao mesmo tempo, é o lugar da liturgia, da Eucaristia e da caridade. Como lugar privilegiado da experiência concreta de Cristo, é chamada a ser casa de oração e escola de comunhão, célula viva da Igreja” (DAp 170).

A renovação da paróquia exige conversão pessoal e pastoral de todos os agentes e ministros da pastoral, a começar do pároco e dos padres, que devem ser autênticos discípulos de Jesus Cristo. “Somente um sacerdote apaixonado pelo Senhor pode renovar uma paróquia”.

O Plano continua com outras indicações:

•“Estar a serviço da vida é a tarefa essencial da comunidade paroquial. Para isso, ela deve responder com eficiência aos apelos da iniciação cristã, da educação e celebração da fé, da valorização  dos carismas,  serviços e ministérios, organizados de modo comunitário e responsável. 

• “Buscar sempre a unidade e a comunhão com o Setor, Região e Arquidiocese, priorizando e assumindo o Plano de Pastoral Arquidiocesano nos seus trabalhos e participando dos projetos e programas propostos.

• “Reformular estruturas (superar uma pastoral de manutenção); descentralizar os serviços paroquiais e setorizar o seu território; empenhar-se na formação dos paroquianos para o discipulado e a missão, por meio de escolas da fé (leitura, meditação e contemplação da Palavra de Deus, cursos de teologia, de Bíblia, formação específica de cada grupo, retiros e encontros de espiritualidade e estudo; valorizar e incentivar os ministérios e a missão; superar a burocracia desnecessária; ter secretários e secretárias paroquiais bem preparados.

• Tornar efetivo o funcionamento dos Conselhos (CPP e CAE), e Pastorais...

• Criar e animar comunidades, incentivar experiências comunitárias;

• Valorizar e investir no protagonismo dos leigos.

• Fazer-se presente em todos os espaços e ambientes da vida das pessoas (residência, rua, bairro, educação, trabalho, cultura, arte, lazer, saúde, política, meios de comunicação...).

Enfim, caminhar por toda a parte, como Jesus fazia, anunciando o Reino com palavras e com obras, estando presente no território, como fermento na massa.

Dom Tarcísio Scaramussa, SDB
Bispo Auxiliar de São Paulo
e Vigário Episcopal da Região Sé