Bote Fé

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06/09/2011 - 00:00

A participação na Jornada Mundial da Juventude em Madri me proporcionou uma experiência rica de Igreja, e me emocionou profundamente. Foi um tempo de contemplação da ação de Deus nos jovens, e da presença de seu Divino Espírito Santo na Igreja. Os milhares de jovens que protagonizaram a Jornada abriram horizontes de esperança para o mundo e para a Igreja.

O comentário que li no editorial de um jornal leigo pode dar uma imagem do que significa este testemunho: “Não se pode negar que nesta Jornada Mundial da Juventude que culminará hoje, as ruas de Madri se encheram de idealismo, de generosidade contagiosa e energia positiva... Apesar das ofensas e provocações da marcha anticlerical de quarta-feira, não vimos gestos agressivos, não escutamos insultos, gritos ou plavras de ordem contra ninguém; somente reivindicações positivas de uma forma de entender a vida mais exigente consigo mesmo que com os outros”. O mesmo articulista, que é diretor do jornal, fazendo referência a um teólogo que escrevera dias antes em um jornal de difusão nacional que ´está evidente que a religião interessa cada dia menos´, disse que esta afirmação é desmentida pelo próprio fato da presença de um artigo deste teólogo neste jornal e que ocorre justamente o contrário: “quanto mais fundas são nossas crises, maior é a busca de respostas transcendentes, e isso é demonstrado pela capacacidade espetacular de convocação da JMJ”. E, referindo-se às intervenções do Papa Bento XVI: “tudo o que diz respeito à dignidade da pessoa e da vida humanas são posições certeiras e razoáveis, independente de quais sejam as convicções religiosas de cada um. Mesmo se não forem verdade os fatos extraordinários descritos no Catecismo e no Credo, a contribuição para a convivência e a civilização humana de uma organização que difunde o amor, prega a paz e atende aos mais necessitados continuaria sendo tão digna de elogios, quanto impagável!” (Jornal “El Mundo, 21 de agosto de 2011, p. 2).

A JMJ produz realmente um impacto positivo na sociedade. A próxima Jornada Mundial da Juventude será no Brasil! A festa iniciada com o anúncio do Papa em Madri, será continuada com a chegada da Cruz da Jornada e do Ícone de Nossa Senhora que a acompanha aqui em São Paulo, no dia 18 de setembro, no Campo de Marte.

A peregrinação da Cruz continuará depois por todo o Brasil, até 2013, e reavivará a fé e o calor dos corações. A Igreja abre suas portas para os jovens que procuram a Cristo, fonte de alegria e de esperança. A opção pelos jovens será mais efetiva e concreta. Os jovens são chamados a serem os principais protagonistas nesta caminhada de evangelização. É hora de reconvocá-los para participar da vida da Igreja e de sua missão. Os jovens evangelizados sabem melhor como evangelizar outros jovens.

O caráter missionário da próxima JMJ está confirmado também pelo lema escolhido pelo papa para a mesma: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19).

A estação de partida do trem missionário da JMJ do Rio de Janeiro será São Paulo. Com o sugestivo slogan “Bote Fé”, a Igreja no Brasil quer despertar do sono da passividade, da mediocridade, do desânimo, e acordar para o dinamismo da vida no Espírito Santo que continua conduzindo a Igreja de Cristo no caminho da história. A Cruz e o Ícone de Nossa Senhora peregrinarão por todas as dioceses do Brasil, e serão recebidos e aclamados como sinais da atualidade da ação redentora de Cristo. Os preparativos já em curso nas Dioceses são indicadores de um momento de grande entusiasmo e reavivamento da fé em nossa Igreja.

Bote fé é um projeto de evangelização, e prevê a organização de eventos por todo o país. Será uma expressão da aplicação no Brasil da Missão Continental, que convoca a todos para a missão. Será, certamente, uma forma de atuar as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil em suas urgências de estar permanentemente em missão, de ser casa da iniciação à vida cristã, lugar de animação bíblica da vida e da pastoral, comunidade de comunidades, a serviço da vida plena para todos.

Dom Tarcísio Scaramussa, SDB
Bispo Auxiliar de São Paulo
e Vigário Episcopal da Região Sé