Caminhos da Iniciação à Vida Cristã (7) - Dom Tarcísio Scaramussa, SDB

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26/06/2014 - 00:00

A Iniciação à Vida Cristã abrange muitas dimensões da vida de fé. Uma dimensão que está no coração do Evangelho é a caridade, a fraternidade e a justiça. Jesus disse que este é o distintivo principal de seus discípulos: “Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). O processo de iniciação deve, portanto, dar atenção especial a esta dimensão.

Na exortação apostólica Evangelii Gaudium, o papa Francisco destaca a relação íntima que existe entre o anúncio do querigmae o serviço da caridade: “Este laço indissolúvel entre a recepção do anuncio salvífico e um efetivo amor fraterno exprime-se nalguns textos da Escritura, que convém considerar e meditar atentamente para tirar deles todas as consequências. É uma mensagem a que frequentemente no habituamos e repetimos quase mecanicamente, mas sem nos assegurarmos de que tenha real incidência na nossa vida e nas nossas comunidades. Como é perigoso e prejudicial este habituar-se que nos leva a perder a maravilha, a fascinação, o entusiasmo de viver o Evangelho da fraternidade e da justiça” (E.G., n. 179)!

Como fundamento bíblico desta união, o papa destaca alguns textos: “A Palavra de Deus ensina que, no irmão, está o prolongamento permanente da Encarnação para cada um de nós: ‘Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes’ (Mt 25,40). O que fizermos aos outros, tem uma dimensão transcendente: ‘ Com a medida com que medirdes, assim sereis medidos’ (Mt 7,2); e corresponde à misericórdia divina para conosco: ‘Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. Daí e ser-vos-á dado (...). A medida que usardes com os outros será usada convosco’ (Lc 6,36-38). Nestes textos, exprime-se a absoluta prioridade da ‘saída de si próprio para o irmão’, como um dos dois mandamentos principais que fundamentam toda a norma moral e como o sinal mais claro para discernir sobre o caminho de crescimento espiritual em resposta à doação absolutamente gratuita de Deus. Por isso mesmo, ‘também o serviço da caridade é uma dimensão constitutiva da missão da Igreja e expressão irrenunciável da sua própria essência’. Assim como a Igreja é missionária por natureza, também brota inevitavelmente dessa natureza a caridade efetiva para com o próximo, a compaixão que compreende, assiste e promove” (idem, n. 179).

Artigo publicado originalmente no jornal O São Paulo - ed. n. 3008