“Ide vós também para a minha vinha” (Mt 20,7)

A A
05/11/2009 - 00:00

Está ocupando lugar de destaque em nossa agenda pastoral a reflexão sobre a identidade e a missão dos Leigos e Leigas em nossa Igreja. Vou tecer algumas considerações sobre este tema, que está na pauta das Assembleias da Arquidiocese e da Região Episcopal Sé.
A comemoração do Dia Nacional dos Cristãos Leigos e Leigas, na Festa de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo (22 de novembro), que coincide com o encerramento do Ano Catequético em nossas Paróquias, é um momento eclesial oportuno para ressaltar a vocação e a missão de todos os batizados na Igreja, e a sua participação no tríplice múnus de Jesus Cristo, sacerdote, profeta e Rei.

A reflexão sobre a identidade e a missão dos Leigos e Leigas na Igreja já avançou muito. Percebemos também muitos avanços na participação e engajamento nas pastorais, principalmente nas pastorais intra-eclesiais, como reflexo de uma consciência nova de ser discípulo de Cristo e participante ativo da comunidade eclesial. Os milhares de leigos catequistas de crianças, jovens e adultos dão visibilidade nítida para esta realidade. E não é necessário mencionar o que acontece com outras pastorais e movimentos, ou o que não acontece, nas situações em que os leigos não estão envolvidos!

Talvez não possamos afirmar os mesmos avanços com relação à consciência, participação e engajamento dos fiéis leigos e leigas como Igreja “no mundo”, na família, nos ambientes não eclesiais, no espaço laico da sociedade, nos ambientes profissionais, nos meios de comunicação, no campo da educação, da cultura, da política, entre outros. A interação fé-vida é um princípio ainda não bem assimilado e vivenciado. A atuação nestas realidades deveria distinguir os fiéis leigos por uma presença que revele um diferencial com relação aos que não são movidos pela fé. Estas formas de engajamento devem ser mais consideradas também nos processos de iniciação à vida cristã, em momentos fortes como o da preparação para a Crisma e de outros sacramentos, para reconhecer tantas outras formas de engajamento na missão da Igreja em meio à sociedade. O cristão é fermento, sal e luz transformando o mundo de acordo com os critérios do Reino de Deus.

A atenção de nossa Igreja de São Paulo sobre os leigos se ilumina com a Festa de Jesus Cristo, Rei do Universo e com o início do Advento. O reinado de Cristo vai se afirmando pelo poder misterioso de sua Páscoa e pela ação do Espírito Santo. É um bom momento também para celebrar o múnus régio do povo de Deus, comprometido com o Reino que se inicia já neste mundo.

O tempo do Advento nos enche de esperança na expectativa da manifestação definitiva deste Reino. A atualização deste mistério que está acontecendo na história passa também pela ação dos discípulos de Jesus, que, encarnando-se no dia-a-dia da realidade humana, e nela doando a própria vida, tornam-se presenças vivas de Cristo em seu tríplice múnus de sacerdote, profeta e rei.

O chamado do Senhor é para todos: “Ide vós também para a minha vinha” (Mt 20,7)! Portanto, vai para a vinha você também, Joana, dona de casa, que não sabe como fechar as contas no final do mês. Você também, Fernando, que sofre com a coluna e não sabe como ir em frente com a aposentadoria que recebe. Você também, Renato, que está às voltas com as voltas do ENEM e que sonha em meio às incertezas da vida. Você também, Marta, que continua acreditando que é possível melhorar a educação em nosso país. Você também, Francisco, que sempre encontra tempo para servir voluntariamente os pobres e doentes.

Dom Tarcísio Scaramussa
Bispo Auxiliar de São Paulo e Vigário Episcopal da Região Sé