Paróquia Missionária

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14/03/2011 - 00:00

A Carta Pastoral de Dom Odilo sobre a Paróquia dá um novo impulso para que sejamos uma Igreja realmente missionária na cidade de São Paulo, realizando a meta do 10º Plano de Pastoral.

A carta coloca em foco uma urgência pastoral: recuperar a verdadeira identidade da Paróquia num contexto de grande cidade em contínua transformação. Aponta para a necessária transformação de estrutura, na linha da Conferência de Aparecida, e oferece, sobretudo,  fundamentos eclesiológicos, bíblicos e pastorais para que a Paróquia recupere e atualize valores que foram se perdendo com o tempo. A necessidade de restauro que se percebe em muitas Igrejas da Região Sé pode ser uma imagem plástica para um processo renovador em sentido pastoral, sendo que este deve ser mais profundo, e não um simples retoque.

Entre os aspectos necessitados de mudança se destaca a necessidade de ser a Paróquia uma comunidade convocada por Cristo, e missionária de Cristo no mundo. Com efeito, está em causa o nosso ser Igreja. A Paróquia não é uma estrutura burocrática, ou um agrupamento puramente geográfico de pessoas, mas um corpo vivo, movido pelo Espírito Santo.

Para recuperar a essência do que é a Paróquia, Dom Odilo lembra várias expressões da realidade teológica, mística e pastoral da mesma. A Paróquia é: “o rosto mais visível e concreto do Mistério da Igreja”; “Sacramento da Salvação no mundo”; “ comunidade de batizados, congregados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, vivendo a fé, a esperança e a caridade”; “reunida em torno de Cristo, presente sacramentalmente na Eucaristia e nos demais Sacramentos, na Palavra de Deus proclamada e acolhida com fé, nos pobres, doentes, sofredores e em toda pessoa acolhida em nome de Cristo e servida na comunidade com amor”; “Casa de Deus” no meio das casas dos homens; “templo de Deus edificado com pedras vivas”; “corpo de Cristo” ; “povo de Deus”. Na Paróquia “a Igreja inteira se expressa e realiza a missão recebida de Cristo: anunciar e acolher a Palavra de Deus, testemunhar a vida nova recebida no Batismo, buscando a santidade, viver a caridade pastoral, a exemplo e em nome de Jesus, Bom Pastor”.

Por isso, ela é definida como “comunidade missionária dos discípulos de Cristo no meio do mundo”; “é comunidade de pequenas comunidades, famílias, pessoas, grupos, organizações e instituições...”; “é a Igreja na base”; “é a célula viva da Igreja”; “é também o conjunto de organizações, estruturas e iniciativas pastorais a serviço da vida e da missão da Igreja”. “É o ícone visível daquilo que a Igreja de Jesus Cristo é na sua totalidade e no seu mistério humano-divino”;... “confiada ao pároco como a seu pastor próprio, sob a autoridade do bispo diocesano”; “na comunhão universal da Igreja, reunida em torno do Papa”.

A Paróquia não se identifica simplesmente com a “igreja matriz”, mas é acima de tudo uma comunidade de pessoas congregadas de forma organizada em nome de Cristo, com a tríplice missão de Cristo: o anúncio da Boa Nova, a santificação da humanidade e o serviço pastoral.

Diante desta realidade, somos chamados a reconhecer o que pode estar descaracterizando a Paróquia, e  buscar sua verdadeira identidade. A carta fala da necessidade de conversão para adquirir uma nova consciência de ser Igreja. Fala da necessidade de renovar pessoas, mentalidades e posturas, desenvolvendo uma nova cultura pastoral. E ainda, de vivenciar a vida comunitária como essencial à fé cristã, de adotar uma nova atitude missionária que preencha os “vazios de presença eclesial” nos espaços da paróquia.

Para isso, somos chamados a planejar iniciativas de avaliação, de formação, de celebração e de organização pastoral. As indicações metodológicas em anexo ao final da carta servem de baliza para o processo a ser desenvolvido a partir da base, ou seja, da Paróquia.

Termino recordando outra frase lapidar da carta: “o futuro de nossa Igreja e da paróquia depende de nosso ânimo missionário hoje”.

Dom Tarcísio Scaramussa, SDB
Bispo Auxiliar de São Paulo
e Vigário Episcopal da Região Sé