Páscoa: Vida nova na Paróquia

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07/04/2011 - 00:00

Dom Tarcísio Scaramussa, SDBCristo está vivo e presente na Igreja. A celebração da Páscoa renova a vida da comunidade dos discípulos de Jesus. Como os discípulos de Emaús, nosso encontro com o Senhor Ressuscitado hoje dissipa todas as trevas de pessimismo e de mesmice, e nos lança à missão com novo ardor.

Esta missão é pessoal e comunitária. Por isso, este ano ela significa empenhar-nos também na renovação da paróquia. Que anseios de renovação percebemos como sinais dos nossos tempos? Quais são os sinais pascais de vida nova que estão surgindo em nossa paróquia?

No ano passado aprofundamos a vida e a missão do leigo, o tríplice múnus de todo batizado: sacerdote, profeta e rei. Foi já um grande passo para aprofundar agora nossa vida e missão comum na Igreja, na porção particular do corpo eclesial no qual estamos inseridos, a vida e a missão da Igreja na paróquia.

Na comunidade paroquial os fiéis encontram força e inspiração para viverem sua vida e missão de discípulos missionários, e, contribuem para que toda a comunidade também realize a tríplice missão de Cristo: o anúncio da Boa Nova, a santificação da humanidade, e o serviço pastoral. 

A carta pastoral de Dom Odilo empenha todas as paróquias na promoção constante desta tríplice missão, cuidando da animação de todos os âmbitos da mesma.

A primeira e importantíssima missão é o anúncio e o testemunho da Palavra de Deus. A carta lembra que “a Igreja vive da Palavra de Deus, como vive da Eucaristia, Pão da Vida. O anúncio da Palavra desperta e alimenta a fé e a vivência da Palavra frutifica nas boas obras e no bom testemunho cristão no mundo. Sem um serviço constante e amoroso à Palavra de Deus, a fé esfria, a moral se desvia, as organizações eclesiais perdem seu sentido e a comunidade fica desorientada. Seria como uma árvore que não recebe água...”. É necessário, portanto, fazer com que toda a pastoral paroquial seja impregnada pela Palavra de Deus. A paróquia deve  proclamar constantemente o querigma, proporcionar oportunidade de iniciação e de formação cristã na fé, incentivar a leitura e o estudo pessoal ou em grupos da Bíblia. A paróquia deve ser “a casa da Palavra de Deus”, guardada com fé, celebrada na liturgia, testemunhada de muitas formas na vida da comunidade.

Outra missão importante da paróquia é proporcionar a todos os fiéis os meios para a santificação, pelo encontro com Jesus Cristo nos Sacramentos, especialmente na Eucaristia e na Penitência, na oração pessoal e comunitária, na escuta e na prática da Palavra de Deus, na vida fraterna e na prática da caridade. A renovação da paróquia exige recuperar a centralidade da celebração dominical, na qual o Senhor Ressuscitado reune seus discípulos e se manifesta a eles, e recuperar o sentido do domingo como dia do Senhor. Da mesma forma é preciso cuidar de toda a liturgia e da celebração dos sacramentos. A carta pede um cuidado especial para “evitar que alguns sacramentos da Igreja (Batismo, 1a. Comunhão, Casamento) sejam absorvidos pela lógica do mercado consumista!” Esta é uma tarefa exigente e urgente, pois sua concretização supõe inúmeras iniciativas pastorais que proporcionem um encontro real com Jesus Cristo.

A terceira e indispensável missão da paróquia é a promoção da caridade pastoral. A Igreja continua a ação de Cristo, Bom Pastor, que caminha à frente das ovelhas e dá a vida por elas. A evangelização integral supõe também a ação solidária e o compromisso social da Igreja. A paróquia deve acolher a todos, especialmente os que sofrem. Deve ir em busca dos que estão distantes e organizar as várias pastorais através das quais se organiza a caridade da Igreja, com atenção particular às pastorais sociais. Os discípulos de Jesus são sal e luz do mundo, fermento na massa. Estão no mundo, mas não pertencem a ele, pois estão a serviço do Reino de Deus, e trabalham para transformar o mundo, e lutam pelo bem, pela justiça e pela paz. A qualidade desta ação marca a presença da Igreja no contexto social e cultural no qual vive.

A quaresma nos coloca neste caminho de conversão pessoal e pastoral. Eis o tempo de conversão!

Dom Tarcísio Scaramussa, SDB
Bispo Auxiliar de São Paulo
e Vigário Episcopal da Região Sé e Lapa