As cartas às Igrejas do livro do Apocalipse são uma mensagem muito oportuna no momento em que nos reunimos novamente em assembléia. A assembléia é uma reunião de Igreja e reflete a vida da própria Igreja.

Já passamos da metade do tempo do atual plano de pastoral da Arquidiocese, que vai até 2012. E já dá para avaliar os passos dados na caminhada. É importante recordar que o plano representa para nós um caminho indicado pelo Espírito, e que, portanto, devemos fazer revisão de nossa vida e de nosso compromisso com esta convicção. Como minha paróquia e pastoral, e como eu, pessoalmente, estou empenhado em realizar o que o Espírito está indicando para a nossa Igreja de São Paulo?

Oxalá não se aplique a nós a mensagem ao anjo da Igreja de Laodicéia, do livro do Apocalipse: “Conheço tua conduta: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Assim, porque és morno, nem frio nem quente, estou para te vomitar de minha boca” (Ap 3,15-16). Da mesma forma não aconteça que sejamos avaliados como displicentes diante do Senhor, ou, pior, como quem faz pouco caso do que é sagrado, como no caso do rei Baltazar que viu uma mão misteriosa escrevendo seu julgamento durante um banquete em sua corte: “Contado - Deus contou o tempo do teu reinado e já acabou. Pesado – Ele te pesou na balança e te faltava peso. Dividido -  Teu império será dividido e entregue aos medos e aos persas” (Dn 5,26-28).

Ao contrário, que a avaliação resulte positiva, e nos leve a dar graças a Deus por continuar conduzindo sua Igreja e fortalecendo-a na fidelidade e no entusiasmo. De fato, podemos constatar com alegria o comprometimento e o envolvimento de muitas paróquias, pastorais e pessoas individualmente em atuar o plano. Uma ação exigente, pois se trata de realizar uma verdadeira conversão pastoral, na linha de Aparecida.

Em qualquer situação, a Assembléia é momento de convocação do Senhor para renovarmos nosso compromisso com a evangelização. Por isso, a mensagem ao anjo da Igreja de Laodicéia anima-a com estas palavras: “recobra, pois, o fervor, e converte-te! Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei na sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo. Ao vencedor farei sentar-se comigo no meu trono, como também eu venci e estou sentado com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas” (Ap 3,19-22).

Devemos avaliar de modo particular conquistas e deficiências com relação às duas prioridades escolhidas para este ano de 2010 para a nossa Região: jovens e catequese (iniciação à vida cristã). Já estamos fazendo o levantamento das iniciativas programadas e realizadas, e verificando as mudanças significativas que aconteceram e as falhas que persistem.

Nossas Assembleias deverão considerar os desafios para superar a chamada “pastoral de conservação” e se tornar decididamente missionária, na linha da Conferência de Aparecida.

O Congresso de Leigos marcou nossa caminhada este ano, e deverá apontar alguns caminhos novos de missão na cidade, que vão na linha da “conversão pastoral”. Dentro da grande missão em todo o Continente, precisamos aprofundar e enriquecer as razões e motivações que permitam converter cada cristão em discípulo missionário. “Necessitamos que cada comunidade cristã se transforme num poderoso centro de irradiação da vida em Cristo. Esperamos um novo Pentecostes que nos livre do cansaço, da desilusão, da acomodação ao ambiente; esperamos uma nova vinda do Espírito que renove nossa alegria e nossa esperança” (Dap 362).

Dom Tarcísio Scaramussa, SDB
Bispo Auxiliar de São Paulo
e Vigário Episcopal da Região Sé