Tantas festas e tantas atividades, o que fazer?

A A
04/06/2014 - 00:00

O mês de junho é um mês de muitas festas. E, além disso, nosso calendário prevê outras atividades pastorais e encontros formativos, entre os quais se destacam o encerramento do Ano Paulino e os cursos de multiplicadores que já se iniciam em alguns setores.

Nestas ocasiões, é necessário organizar-se, para não se afogar num mar de eventos e iniciativas. Mas a questão principal para o agente de pastoral é manter a unidade e a linha pastoral, fazendo com que os eventos sejam oportunidade de realizar o Plano de Pastoral.

Uma idéia central e unitária de nossa ação neste 10º Plano é certamente a “formação de discípulos missionários na cidade”. A pergunta então pode ser a seguinte: como a festa de Santo Antônio pode contribuir para a formação de discípulos? A mesma pergunta deve ser feita para as outras grandes festas do mês: São João, Corpo e Sangue de Cristo, Sagrado Coração de Jesus, Imaculado Coração de Maria, São Pedro e São Paulo, Bem-aventurado José de Anchieta, São Vito Mártir! As festas são momentos celebrativos e de grande visibilidade e atração. Deverão, portanto, ser momentos fortes de testemunho e de crescimento. Nossas Paróquias devem tornar-se missionárias, repete insistentemente nosso Plano de pastoral. O papa Bento XVI, falando aos bispos peruanos na visita ad limina deste ano, disse-lhes: “se a Igreja na América Latina se converter em uma Igreja missionária - como buscava a V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizada em Aparecida-, superará seus problemas”.

As outras atividades também estarão voltadas para esta finalidade. Os cursos de multiplicadores, por exemplo, trabalharão a temática do Ano Catequético, que tem como lema “Catequese, Caminho para o discipulado”. A formação permanente para a missão dá continuidade à iniciação à vida cristã, diz nosso Plano, e deve oferecer um itinerário que privilegie os seguintes passos: o encontro com Cristo, a conversão, o discipulado, a comunhão e a missão.

Uma pergunta de fundo deve orientar-nos na preparação das festas e dos encontros formativos: o que fará com que as pessoas sintam-se tocadas em seu coração, a ponto de exprimirem como os discípulos de Emaús: “Nosso coração arde quando ele fala, explica as Escrituras e parte o pão”? Como re-encantar as pessoas e atraí-las com entusiasmo para o encontro com Jesus na comunidade?

Muitos se aproximam da comunidade na festa pela devoção ao santo ou à santa. Buscam acolhida e sustento em suas lutas e problemas. Buscam, às vezes, milagres, tal a situação de desespero em que se encontram! Partindo desta busca e motivação, a pastoral ajudará a dar o passo para que o devoto se torne cada vez mais discípulo. O devoto encontrará no santo de devoção um modelo de vida. Descobrirá que o santo é tão importante porque seguiu os passos de Jesus. O Santo é exemplo de fé, de união com Deus, de doação da própria vida pelos outros, principalmente pelos mais necessitados.

Um pequeno exemplo da vida de Santo Antônio pode ilustrar melhor tudo isso. Muitos o procuram para conseguir casamento. Mas o que aconteceu em sua vida que deu origem a esta devoção? Na realidade, ele lutou em sua época pelo direito de todas as jovens mulheres se casarem. Naquele tempo, somente as moças ricas podiam casar-se, porque suas famílias podiam pagar o dote que consistia nos bens que a mulher levava para o futuro sogro como garantia de seu casamento. Antônio conseguiu da autoridade civil a revogação do decreto que permitia o matrimônio somente às moças que podiam pagar o dote. Se alguém procura Santo Antônio só para resolver seu problema, que a pastoral o ajude a imitar Santo Antônio, para ajudar a resolver também os problemas dos outros e da cidade! Isso é ser discípulo, pois o que Jesus nos pede é que nos amemos uns aos outros como Ele nos amou! E ninguém dá maior prova de amor do que aquele que dá a vida.


Dom Tarcísio Scaramussa
Bispo Auxiliar de São Paulo e
Vigário Episcopal da Região Sé

Fonte: Centro de Pastoral da Região Episcopal Sé