Te vi ou não te vi... Eis a questão da fé

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18/11/2013 - 00:00

A última hora litúrgica do dia, chamada Completas, se inicia com o convite a um exame de consciência diário. Antes de terminar o dia, na intimidade com o Senhor, fazemos a revisão do dia, para verificar a conformidade ou não de nossos atos com o Evangelho, a correspondência à graça de Deus, as fraquezas e omissões. O Senhor está aí, como a dizer: “eu te vi disponível à minha inspiração”, ou “não te vi”... 

O Senhor vem ao nosso encontro em cada momento de nossa vida. Este ano foi um ano de graça especial do Senhor. Foi o Ano da Fé. Convidou-nos ao reavivamento da fé, à renovação da profissão da fé, a uma resposta coerente na confissão da fé, à oração suplicante a Deus para que aumente a nossa fé, à prática das obras da fé. Os estímulos foram muitos para o crescimento da fé: as motivaçãoes e as indicações do Motu Proprio de Bento XVI “A Porta da Fé”, a Carta Pastoral de Dom Odilo, o Curso de Atualização do Clero, os Exercícios Espirituais, as Peregrinações, as Catequeses - em especial o estudo do Catecismo, dos documentos do Concílio -, as atividades organizadas nas Paróquias, a prática da Leitura Orante da Palavra de Deus, o aprofundamento da vivência da fé no encontro com o Senhor na Liturgia, em especial na Eucaristia. Este Ano da Fé está se concluindo, e foi tempo de graça do Senhor para a fé da Igreja. É o Senhor que passa em nossa vida! No kairós dessa passagem o que ouvimos do Senhor: “te vi”, ou “não te vi?”

Os dias passam, a história de nossa vida também. O exame de consciência de cada dia se amplia para uma revisão de vida. Toda a nossa vida é colocada diante do Senhor, na esperança da fé. Na resposta às opções fundamentais da vida, o que nos diz o Senhor: “te vi”, ou “não te vi...”?

E chega o momento do encontro definitivo, do último convite, agora uma ordem: “vinde” ou “ide”.  
E nossas interrogações continuam presentes até este momento, pois é difícil ver o Senhor que passa: - “Quando foi que te vimos com fome e te demos de comer?” … - “Todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes!”. É o momento da visão determinante, da visão definitiva: “Te vi”, ou “não te vi...”.

Dom Tarcísio Scaramussa, SDB
Bispo Auxiliar de São Paulo
Vigário Episcopal da Região Sé

Artigo publicado, originalmente, no jornal O São Paulo - Edição nº 2978